EM UMUARAMA
A Vigilância em Saúde (VS), em conjunto com os Conselhos da Assistência Social e do Idoso e Ministério Público (MP) prorrogaram até esta quinta-feira (8) o prazo final para o remanejamento de todos os idosos de uma casa de repouso interditada semana passada em Umuarama. O prazo inicial terminou nesta segunda-feira (5).
Conforme o MP a instituição não conseguiu cumprir a determinação e solicitou a prorrogação do prazo por mais três dias, o que foi concedido pelos órgãos de fiscalização.
Até esta terça-feira (6), o MP informou que dos 74 idosos internados na instituição, 54 já haviam sido reintegrados as suas famílias ou remanejados para outros abrigos, restando ainda 21 na instituição.
Caso a determinação não seja cumprida, o MP informou que tomará medidas legais, como a aplicação de multa e o ajuizamento de uma ação penal contra a instituição.
A casa de repouso foi interditada na manhã da última quarta-feira (31) após uma auditoria realizada pela Vigilância em Saúde, Conselhos da Assistência Social e do Idoso e MP. Os fiscais constataram uma série de irregularidades, incluindo casos de maus-tratos aos internos.
Segundo a diretora de Vigilância em Saúde, Sandra dos Santos Pinheiro, a auditoria no local foi realizada em resposta a inúmeras denúncias recebidas pelo Ministério Público e pelas instituições responsáveis pela fiscalização e acompanhamento dos idosos na região.
Conforme a diretora, durante a inspeção, foram encontradas várias irregularidades preocupantes. Constatou-se que o número de idosos na casa de repouso excedia a capacidade permitida. Enquanto o limite estabelecido era de 63 idosos, havia 74 residentes, ou seja, 11 a mais do que o permitido.
Ainda segundo a servidora pública, as condições estruturais e de higiene do local eram precárias. Os dormitórios apresentavam falta de higiene, mau cheiro e objetos jogados, segundo o relatório da VS. Urina no chão e medicações destampadas também foram observadas, consta no documento. A falta de acessibilidade nos banheiros e a inoperância de um dos chuveiros principais foram outros problemas identificados.
O relatório apontou ainda que as condições de alimentação na casa de repouso também foram consideradas inadequadas. O refeitório não possuía abrigo para dias de chuva ou frio, e alguns idosos estavam sentados no local sem roupas adequadas ou cobertores. A primeira refeição do dia era servida tardiamente, e muitos idosos relataram que a comida era ruim e insuficiente. Não havia um cardápio estabelecido nem individualizado para os residentes, consta no relatório.
Sandra explicou que a falta de cuidados médicos adequados foi outro aspecto preocupante identificado pela auditoria. Alguns idosos apresentavam sinais e sintomas de doenças de pele, mas não estavam recebendo tratamento médico. Não havia uma classificação do grau de complexidade dos pacientes nem contratos assinados pelos idosos. Além disso, a diretora da VS relatou que a equipe de recursos humanos era insuficiente para atender à demanda dos residentes, especialmente durante o período noturno.
Segundo a servidora pública, a falta de higiene também foi constatada na casa de repouso. Houve relatos de que alguns idosos não recebiam banho e ficavam com fraldas sujas por longos períodos. “Alguns pacientes estavam imersos na urina e faziam uso de fraldas reaproveitadas. A lavanderia não possuía recursos suficientes para a lavagem adequada de roupas e não realizava a separação correta dos itens durante a lavagem. Além disso, os lençóis e cobertores estavam em condições precárias, com rasgos e em estado avançado de uso”, pontuou.
A equipe da VS e do MP verificaram ainda que a armazenagem de medicamentos também era problemática, com a falta de identificação adequada e locais inadequados de armazenamento. Alguns medicamentos estavam encontrados em locais inapropriados e sem supervisão. A contenção mecânica dos pacientes estava sendo realizada de forma inadequada, e não havia rotina de verificação de sinais vitais. “A anotação de cuidados prestados, medicações administradas e controle dos pacientes era praticamente inexistente. Além disso, o descarte de material perfurocortante estava sendo feito de maneira incorreta”, destacou Sandra.
Casa de repouso
O Jornal Umuarama Ilustrado entrou em contato pessoalmente é também por aplicativo de mensagens com um representante da empresa, mas até o momento não houve retornou ou apresentação de nota à imprensa. O espaço está aberto para manifestação.