Eliseu Auth
O ilustrado leitor do “Umuarana Ilustrado” deve conviver com um monte de angústias como eu. A própria existência nos aflige. Tem razão Santo Agostinho que nos dizia angustiados por natureza: “Inquietum est cor nostrum, donec requiescat in te, Domine!” Na visão do sábio, enquanto não descansarmos em Deus, nosso coração estará inquieto.
Entre as tantas pessoas que partiram para o outro mundo nos últimos tempos, agora o Brasil perdeu Glória Maria, uma jornalista amada por todos nós. Mulher negra, intrépida, dócil, corajosa como ninguém e inteligente como poucos, ela foi vítima de um câncer. Há dias, choramos a morte de Pelé, também por conta do câncer. Quantos outros partem todos os dias por sua conta. Conheço-o de perto e, mesmo com a retirada do carcinoma, ele continua ameaçando como “espada de Dâmocles” que pende sobre a cabeça.
Dentre as imagens da infância está a de um homem com câncer. Morava na Linha Rolador, uns quatro quilômetros longe de casa e era da família Zimmermann. Fomos a pé, em procissão organizada pela Frau Seidl, num domingo de tarde. Lá, rezamos pelo doente que estava deitado na cama. Estava muito magro e nos olhava com olhos fundos e assustados. Parecia consciente, mas não disse uma palavra, não sorriu e nem chorou. Me angustia que a ciência ainda não descobriu a cura desse mal chamado câncer.
Outra angústia existencial que tenho é o descaso com a saúde do planeta que habitamos. Os negacionistas não só atrasam como impedem ações que o planeta reclama. As mudanças climáticas que estamos vendo todos os dias mais evidentes e visíveis, são questão de vida ou morte. Deveria ser a mais importante das questões, embora haja muitas outras que nos afligem. A ciência busca, mas ainda não encontrou um jeito de aplacar o aquecimento que nos ameaça. Num contido aleluia, a semana que passou trouxe uma réstea de luz na revista americana “Science”. Ela publicou que cientistas americanos e canadenses conseguiram capturar dióxido de carbono (C02), injetá-lo no solo de basalto vulcânico e solidificá-lo. Seria solução promissora para o armazenamento desse gás de efeito estufa, anotando que o processo se apresenta lento, podendo durar anos e anos para ser concluído.