Meus devaneios existenciais

Já estamos em 2023, ano da sorte no zodíaco chinês. Que seja. Quando a gente era pequeno os anos demoravam passar. Agora, passam rápido demais. Tirante a discussão se o tempo existe em si ou se é atributo do ser que passa e se transforma, a passagem do ano nos faz pensar na vida. Nos enchemos de perguntas e buscamos respostas para quem somos e para onde vamos depois desta efêmera perigrinação terrena. Nossa inquietude quer saber o “como” da vida, isto é, o proceder que dignifique e justifique o sentido da existência.

Nos devaneios existenciais olho ao redor e sou tomado de sentimentos os mais diversos. Às vezes tenho dó, n´outras tristeza para não dizer outra coisa. Aqui, refiro-me ao homem que freqüentava o acampamento que pedia intervenção militar em frente ao QG do exército em Brasília e foi ao aeroporto da capital, colocar um artefato explosivo debaixo de um caminhão cheio de combustíveis. Segundo ele, queria o caos na capital da República, criando justificativa para a intervenção militar e a morte da democracia. Se, pedir ditadura militar já é antidemocrático e contra o regime constitucional, imagine o ilustrado leitor até onde chegou a audácia do extremismo. A insanidade não estava nem aí com as conseqüências. Que se danassem as milhares de pessoas que freqüentam o aeroporto de Brasília e suas prováveis mortes, caso a bomba explodisse. Às favas escombros e mortes. O fanático queria ditadura militar e impedir a posse do presidente Lula, eleito com o voto popular. Inda bem que o plano diabólico foi abortado pela Polícia, depois de alertada por um motorista.

Quero entender e não consigo. Que pensa essa gente fanatizada pelo extremismo? Que ideais têm no coração? Afinal, enchem o peito para falar em “Deus, Pátria e Família”, pousando de Catões da moral. Que moral é essa? Olho a história. Foi Mussolini que inventou esse bordão e conseguiu enganar os italianos com ele. Aí botou a Itália no colo de Hitler, integrando o “Eixo”, na segunda guerra mundial. Não preciso dizer mais nada.

Se a passagem do ano é para pensar sobre o sentido da nossa existência e deseja feliz Ano Novo, então é o que quero com meus devaneios existenciais.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).