Meu voto terá minhas convicções

Blaise Pascal foi um gênio. Era filósofo, matemático, escritor e físico. Com apenas 16 anos, assombrou René Descartes, com seu “Tratado das secções cônicas”, demonstrando espantosa e precoce erudição no campo da geometria. Na filosofia, focou a razão e emoção como elementos do conhecimento. Se há como indagar sobre a visão teológica da salvação, longe de nós, discordar sobre o entendimento de que a vontade age sempre na busca da felicidade: Diz: “Todos os homens procuram ser felizes, e isto sem exceção. Sejam quais forem os diferentes meios empregados, tendem a esse fim. É o motivo de todas as ações de todos os homens, até daqueles que se vão enforcar”. (in “Como persuadir falando” de Marques Oliveira – Ediouro).

Quem lê, sabe que costumo refletir com o ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado” sobre diversos assuntos, inclusive sobre as conseqüências do voto. Quero pensar com ele e digo o que penso. Sempre disse preferir livros que instruem, às armas que matam e disseminam ódio. São as escolhas que vão garantir ou não a felicidade referida por Pascal. De toda a sorte, cada qual é livre para escolher. Podemos concordar ou não, mas há que respeitar. E sem ódio! Voltaire diria: “Posso não concordar com nada do que dizes, mas defenderei até o fim, o direito de o dizeres”. E aí entra a análise de mérito que se fundamenta em informações. Se discordo, nunca em tom de anátema.

Sim. As convicções de cada um dependem das informações que tem. O meu voto também segue as minhas convicções que julgo corretas porque buscam a felicidade de todos nós brasileiros e, de resto, da humanidade inteira. Todos, não só meia dúzia de privilegiados têm direito à vida com dignidade. É para lá que preciso olhar. Comparando governos, votarei em quem deu melhores respostas às seguintes perguntas: Quem vai respeitar a Democracia e suas instituições? Quem vai garantir emprego, moradia e dignidade aos brasileiros que passam fome no governo que temos? Quem vai garantir que as pessoas tenham o direito de morar, trabalhar e comer? Quem vai garantir políticas públicas de inclusão social, paz e respeito? Quem vai garantir estudo e Universidade para todos? O respeito à diversidade e às minorias? Sou ambientalista e quero respeito à natureza que Deus nos deu, principalmente as florestas hoje maltratadas, griladas e queimadas. Logo elas que garantem chuvas e vida para nós, nossos filhos e o planeta? Que será delas com mais quatro anos de destruição? Concordo com Pascal. Sim, quero a felicidade e votarei por ela. Para tanto, meu voto terá minhas convicções.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).