Eliseu Auth
Outro dia elogiei a iniciativa do governo em alargar pontos na Carteira de Habilitação e me solidarizei com motoristas que perdem o direito de dirigir por detalhes insignificantes. E por péssimas sinalizações de trânsito e buracos nas rodovias, especialmente na nossa 323. Quis mexer com os brios do DER e do governo que têm o poder-dever de tampar os buracos. É uma operação simples. Basta jogar emulsão asfáltica dentro deles, coisa que não fazem.
Vou me deter diante de um dos buracos. Ele está lá. É grande, largo e fundo. Tem residência fixa. Portanto, fácil de ser localizado. Está bem no retorno da pista dupla entre o parque de exposição e o viaduto. Quem vem de Cruzeiro para cá vai vê-lo uns cinqüenta metros antes da revenda Toyota que fica do outro lado. Digo esses detalhes para que todos saibam dele. É um perigo, principalmente para os motociclistas que são tantos a trafegar por ali. Esse buraco já é quase cratera e facilmente fará uma moto capotar no asfalto, com seriíssimas conseqüências para o piloto e quem mais estiver na moto. Digo isto porque, dia desses fiquei a observar um motoqueiro que vinha atrás de mim. Liguei o pisca do carro para adverti-lo do perigo. Pelo retrovisor vi que ele desviou da cratera o que me deu uma sensação de alívio.
Pois é. Tem que rezar um “Deo gratias”, porque até agora ninguém rodopiou ou capotou a motocicleta naquele buraco que não tampam. Pelos carros que param ao lado, muitos furaram pneus e danificaram a suspensão de seus veículos. Saibam que alguém, mormente motociclista, pode não saber desse buraco ou pode não conseguir enxergá-lo. Aí poderá emborcar, rodopiar ou capotar. E perder a vida. Então será tarde para chorar. É preciso que os órgãos públicos que têm o dever de cuidar das rodovias ajam. Acho que já é hora do Ministério Público entrar em cena. Enquanto tudo está como dantes no quartel de Abrantes, bato na madeira. Com medo do buraco.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).
