Coronavírus
A Secretaria de Saúde de Umuarama iniciou na manhã da última terça-feira (18), a vacinação pediátrica contra a covid-19 para pessoas de 5 a 11 anos. Inicialmente a imunização apresentou baixa procura, sendo que no primeiro dia apenas 39 crianças receberam as doses em Umuarama. Neste cenário conturbado que move o assunto, o Jornal Umuarama Ilustrado buscou esclarecer dúvidas dos umuaramenses com o médico Guilherme Guerra, o qual é especialista em pediatria, alergologia e imunologia.
Em suas redes sociais, Guilherme Guerra trava um embate com a desinformação que vem crescendo ultimamente, essa também dentro da internet. Apoiado em pesquisas e estudos o médico respondeu algumas questões recorrentes dos pais e avisou que a população deve ter medo da covid-19 e não das vacinas. Confira a entrevista:
Ilustrado: Vacina contra covid-19 é segura para as crianças?
Guilherme Guerra – Sim, a vacina é segura. Nos Estados Unidos já foram vacinadas aproximadamente 10 milhões de crianças com a vacina da Pfizer e na China, em torno de 250 milhões de crianças já foram vacinadas com Coronavac, sem nenhuma reação fatal em nenhum desses países.
Ilustrado – A vacina traz algum risco maior para a criança, efeitos colaterais, após algum período inoculada?
Guilherme Guerra – O único efeito a longo prazo da vacina é imunizar nossas crianças. Recebi vídeos absurdos de pessoas dizendo que a vacina teria uma proteína tóxica (proteína Spike) que causaria doenças autoimunes ou deixariam as crianças inférteis no futuro, mas a proteína Spike da vacina se desintegra em torno de 5 dias após a vacina ter sido inoculada. Ela não vai ficar circulando no organismo por anos.
Ilustrado – Os pais devem ficar a tentos a alguma contra indicação para aplicação de vacina?
Guilherme Guerra – A vacina não tem nenhuma proteína alimentar que possa causar alergia, muito menos alumínio tóxico (já recebi também vídeo sobre isso). A contraindicação é que não pode ser aplicada em crianças febris – assim como todas as outras vacinas. Respeitar o limite de 30 dias após a criança ter se contaminado com covid-19 ou para quem tem alergia ao PEG (Polietilenoglicol).
Ilustrado – A ciência médica é contra a vacinação de crianças?
Guilherme Guerra – A vacina é um consenso entre as principais sociedades científicas médicas mundiais. No Brasil, Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Imunizações, Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia, Sociedade Brasileira de Cardiologia dentre outras são unânimes em orientar a vacinação em crianças.
Ilustrado – A vacina tem caráter experimental?
Guilherme Guerra – Dizer que a vacina é experimental, que somos cobaias e que os estudos ainda não estão completos é leviano. A tecnologia da Coronavac é amplamente conhecida, tanto que vacinamos para gripe anualmente com vacinas de vírus inativados há anos sem nenhum problema. A tecnologia de RNA-m, apesar de ser mais nova, também já é estudada há mais de uma década. Mais de 5 bilhões de pessoas já se vacinaram para covid-19 no mundo.
Ilustrado – Porque é preciso vacinar crianças contra a covid-19?
Guilherme Guerra – Apesar da covid-19 ter uma tendência a ser mais leve em crianças, ela pode sim levar a casos graves. É a doença imunoprevinível que mais matou crianças nos últimos dois anos. Além disso, existe uma doença chamada Síndrome Inflamatória Multissistemica Pós-Covid, que atinge as coronárias das crianças e com uma taxa de letalidade em torno de 7%. Eu já atendi dois casos no último ano que se não fosse a intervenção precoce de uma equipe capacitada, os casos poderiam ter tido um desfecho muito pior.
Ilustrado – Porque previne casos graves e mortes?
Guilherme Guerra – A vacina pode não evitar a infecção pela covid-19, principalmente pela variante Ômicron, mas diminui imensamente os casos graves e mortes, já que aumenta a imunidade celular, que é uma imunidade muito mais duradoura do que a imunidade por anticorpos.
Por último, elucidando o caso da parada cardíaca da menina de Lençóis Paulista menos de 24 horas após ter aplicado a vacina da Pfizer. A criança é portadora de uma síndrome cardíaca congênita rara denominada Síndrome de Wolf Parkinson White, onde existe uma alteração de ritmo cardíaco (arritmia). Não tem nenhuma relação com miocardite e apesar de ter se manifestado próximo à aplicação da vacina, não teve relação com a mesma. Um parecer oficial da Secretaria de Saúde do estado de São Paulo já foi emitido a respeito deste caso.