Foi com a bênção de um padre que a evangélica Marina Silva iniciou a campanha de rua em sua terceira corrida presidencial. Nos discursos, ela mencionou propostas para a saúde e mirou o eleitorado feminino. "Deus ilumine vocês", disse o padre Luiz José de Almeida Souza ao abraçar a candidata, no Cangaíba (zona leste de São Paulo), nesta quinta-feira (16). Ao lado dela, seu vice, o ex-deputado e médico Eduardo Jorge (PV). "Tempos difíceis, mas estamos aqui para isso", a ex-senadora falou ao padre antes de visitar o espaço anexo à Igreja Bom Jesus do Cangaíba onde funciona um serviço voluntário de médicos.
O ambulatório, que atende gratuitamente moradores desde a década de 1970, tem entre os fundadores o vereador Gilberto Natalini (PV-SP), que é candidato a deputado federal e tem base eleitoral na região. Marina percorreu as salas de consulta e falou com voluntários. Um deles, o médico Rogério Bernardo, que atende no local há quatro anos, lhe desejou sorte. "Se Deus quiser, a senhora vai conseguir", disse à presidenciável. "Se Deus e o povo brasileiro quiserem", respondeu ela. A passagem da presidenciável transcorreu sem tumultos.
Marina disse que escolheu o local por uma simbologia: quis reforçar o compromisso, caso seja eleita, com a saúde pública, que "vive uma situação dramática". Defendeu "fechar o dreno da corrupção" para conseguir canalizar mais recursos para a área. "Mudar o Brasil é não permitir que aqueles que criaram os problemas sejam vistos como aqueles que irão resolver os problemas", afirmou Marina ao lado do aliado Natalini, que fez parte na capital da gestão do PSDB –um dos partidos comumente citados por ela como responsáveis pela crise. O verde foi secretário do governo do tucano João Doria por oito meses em 2017.
Ela disse ainda que quer "tratar da saúde das pessoas e da saúde do Brasil", já que o "país está quase que numa UTI". Após a visita ao posto médico, a ex-senadora discursou no salão paroquial da igreja, dirigindo-se principalmente às mulheres, fatia do eleitorado em que ela obtém mais intenções de voto.
"Nós somos mulheres corajosas, [virando-se para os homens] homens, nos deem licença. Às vezes a gente tem que ficar provando o tempo todo", afirmou.
"Somos mais da metade da população brasileira. Nós vamos gerar no útero dessa nação um novo Brasil, porque, se as mulheres quiserem, elas podem fazer a diferença", completou a ex-senadora.
Eduardo Jorge usou o mesmo tom em sua fala. "Mulheres, principalmente, vejam a vida dessa mulher e saibam que ela vem para trabalhar pela vida dos nossos filhos, pela grandeza do nosso país", afirmou.
Fiel da Assembleia de Deus, a senadora frisou que estava fazendo uma visita institucional à igreja e que no salão também ocorrem atividades da comunidade -ali funciona um centro de convivência para crianças e adolescentes e uma escola de moda.
Ela agradeceu ao padre Luiz e falou que ele não está envolvido na campanha. "Ele é um democrata e está nos recebendo aqui."
Segundo a presidenciável, o espaço era "muito simbólico" para fazer o lançamento de sua campanha. (Folhapress)