Lições do “coronavírus”

Eliseu Auth

No mundo temos muita gente a pesquisar sobre o vírus que nos prende em casa, restringe o direito de ir e vir e fecha o nosso comércio. Coisas que a gente nem imaginava antes do malvado aparecer. E a gente fica aqui a torcer que logo os cientistas descubram a vacina contra a virose que se globalizou. E aí nos damos conta da total dependência que temos uns dos outros.

Se a constatação da interdependência é a primeira lição, os governantes do planeta deveriam botá-la como pano de fundo de ações integradas. Foi assim que as nações civilizadas reagiram à hecatombe da segunda guerra mundial. Ainda em 1945 fundaram a ONU (Organização das Nações Unidas) com o fito principal de buscar a paz e o desenvolvimento mundial por meio da cooperação entre os países. Mudanças climáticas, direitos humanos, terrorismo e desenvolvimento sustentável dos povos estão entre as pautas de primeira mão dessa grande instituição que deveria ser mais acatada e seguida.

Que os povos precisam se unir em torno de programas comuns e de interesse universal é outra lição que se afirma e reforça nesta hora em que nações desenvolvidas também sofrem com hospitais lotados e cemitérios entupidos por corpos de entes queridos assassinados pelo vírus.

Muito se ouviu da boca de governantes irresponsáveis preocupados com seus currais eleitorais. Na Itália contrariaram a Organização Mundial da Saúde e deixaram aglomerar gente no jogo entre Atalanta e Valência, alastrando de vez o “coronavírus”. Nos Estados Unidos e aqui trataram a pandemia como gripezinha. Buscaram a auto-afirmação, desrespeitaram a ciência e brincaram com vidas humanas. A sociedade reage e se põe ao lado da ciência médica. Ao que tudo indica, amanhã há de identificá-los, julgá-los e bani-los com a régua do equilíbrio e do bom senso para o bem de todos nós que vivemos nesta aldeia global. Seguir a ciência sempre, é a maior lição que ficou. E ela vale para a questão ambiental. O planeta aquece, geleiras derretem e há governantes que debocham disso. Que não seja tarde para agir quando acordarmos para a advertência dos cientistas. Lições do “coronavírus”.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).