INCLUSÃO
Umuarama – Entender todos os ritos litúrgicos de uma celebração não é tarefa fácil para quem dispõe de todos os sentidos. Se algum deles falta, como a audição, a compreensão é ainda mais difícil. Auxiliar ao surdo participar efetivamente, entendendo tudo o que acontece durante uma missa é uma das missões de inclusão desenvolvida pela Pastoral dos Surdos.
Em Umuarama, três intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) se revezam para serem instrumentos facilitadores para a comunidade surda e católica, em missas que acontecem nas Paróquias Catedral do Divino Espírito Santo, Santuário Perpétuo Socorro e São Paulo. Há uma rotatividade e as celebrações são informadas previamente aos participantes através de um aplicativo de conversa.
Palavra de Deus
“Nossa missão é para que crianças, adolescentes e adultos surdos saibam o que é a religião, quem é Deus, conheçam a Bíblia, a igreja, possam rezar o terço e aprendam a palavra de Deus”, sintetizou o coordenador da Pastoral e presidente da Associação de Assistência aos Surdos de Umuarama, Eduardo Alberto Megda, que também é surdo.
Ele conversou com o Ilustrado esta semana com o auxílio da intérprete de Libras, a professora Bruna Caroline Braga Dias, que é coordenadora pedagógica da Assumu e participante da Pastoral.
Eduardo salientou que o trabalho da pastoral é desenvolvido há mais de 20 anos na diocese e sempre foi ativo, mas o ritmo diminuiu durante a pandemia e agora é que está voltando a ganhar corpo. Para o próximo ano já está previsto um encontro destinado aos surdos católicos, que contam com o assessoramento do padre Sérgio Grigoleto. Atualmente a comunidade tem entre 50 e 56 membros, sendo a maior parte, de adultos.
O coordenador salientou que interpretar a Bíblia não é uma tarefa fácil, pois há sinais litúrgicos específicos e que ter um intérprete de Libras nas celebrações é uma forma de catequizar e incluir, e faz a diferença. A pastoral ainda promove catequeses específicas, seja para batismo, primeira eucaristia, casamentos ou outros sacramentos.
Bruna, que além de atuar como intérprete de Libras, também é catequista, conta que todas as atividades para a catequese são adaptadas e sempre há a possibilidade de ser individual ou em grupo. “Nós oferecemos para a pessoa e para a família, mas a decisão é sempre da família”, explicou. Ela e Eduardo contam que ainda existe muito preconceito e medo por parte de familiares, que superprotegem quem não tem a audição, e acabam escondendo essas pessoas.
Eduardo salientou que um dos empecilhos para a participação ativa da comunidade surda está na falta de transporte público aos fins de semana, principalmente aos domingos. “Antes da pandemia havia ônibus circular que batiam com os horários das missas, e isso facilitava a participação. Agora não tem e isso é de fato um problema”, afirmou.
Outra dificuldade enfrentada é a quantidade de intérpretes de Libras. Atualmente são apenas três em toda a diocese. Para participar, há um curso de formação específico. E qualquer pessoa pode ser voluntária.
Quem quiser participar da Pastoral dos Surdos, como intérprete pode entrar em contato pelo Whats’App do Eduardo Megda (44-99974-2118) ou da Bruna Dias (44-999454055). Se a intenção é participar das celebrações, também basta entrar em contato com eles para ser incluso em um grupo de mensagens com orientações dos dias e locais das missas.