29/09/2018
Apesar do discurso oficial de que esperam um voto consciente dos eleitores na reta final, integrantes do PSDB já não contam com a participação de Geraldo Alckmin (PSDB) no segundo turno e discutem, mesmo que informalmente, a liberação de seus quadros para apoio na eleição presidencial. Não direcionar o voto seria, na opinião de tucanos, uma maneira de minimizar a já inevitável fragmentação do partido, que caminha para sair desta eleição menor do que entrou.
Mesmo com o maior tempo de TV (5min 32s), Alckmin se mantém fora do segundo turno em todas as pesquisas de intenção de voto e passou a ser alvo de críticas públicas de apoiadores, que já não escondem o desencanto com o desempenho dele. Se antes o enfraquecimento era sentido com a simples falta de empenho na candidatura do ex-governador de São Paulo, agora, alguns tucanos e seus aliados flertam abertamente com a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). A simpatia por um apoio ao capitão reformado ocorre em estados como Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Sul. Outros defendem que, em um segundo turno sem presença tucana, o partido pregue o voto nulo, bandeira condenada pela maioria dos correligionários de Alckmin ouvidos pela reportagem ao longo desta semana. Esses integrantes do PSDB defendem que o partido libere seus quadros.
O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (28) que vai trabalhar para criar as condições de redigir uma nova Constituição, como previsto em seu plano de governo, caso seja eleito. Em vista a Goiânia, o presidenciável confirmou que, em um eventual governo Haddad, será convocada uma Assembleia Constituinte Exclusiva. No entanto, ele não detalhou a proposta, que, segundo disse, sofreu alterações no texto. “Isso já foi mediado. Quando o PCdoB passou a integrar a chapa, houve uma alteração no texto para criar as condições da convocação de uma assembleia exclusiva”. Haddad desconversou ao ser questionado sobre a possibilidade de fechar alianças com o MDB e de algum nome da sigla ocupar ministério, caso ele seja eleito. “Todos serão bem-vindos, desde que concordem com as ideias que estamos apresentando”, afirmou. “Antes de discutirmos nomes e partidos, temos que convocar o país para discutir os projetos”. O candidato também não quis se manifestar sobre o nome que será escolhido para ocupar o Ministério da Fazenda, em um eventual governo Haddad. “Não vou discutir isso agora”. A decisão deve ser divulgada só depois do início do segundo turno, como publicou a Folha de S.Paulo, para tentar diminuir a desconfiança do mercado. O presidenciável evitou fazer críticas à Polícia Federal e ao Ministério Público.
O movimento #EleNão, de oposição à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), ganhou o apoio de uma escala de celebridades que vai de Madonna a Sônia Braga. Mas foi de um anônimo do interior do Ceará que o protesto recebeu sua identidade visual espontânea. Estudante de letras na Universidade Estadual do Ceará, em Limoeiro do Norte, Militão Queiroz, 32, criou o letreiro que flutua em um céu estrelado, deixando um rastro de arco-íris, em 13 de setembro. A peça remete à bandeira do movimento LGBT, mas também lembra o “Nyan Cat”, meme de 2011 em que um gato solta um arco-íris pelo traseiro. Autodidata, Militão diz que não é designer. “Prefiro me identificar como um artista.” A ilustração foi feita em um programa simples e gratuito, o PhotoScape. O estudante não levou mais do que uma hora para concluí-la. “Não uso nenhuma ferramenta profissional que os designers usam. Começou como um hobby, desde a época do Orkut, e vem se tornando minha profissão”, afirma o estudante, que se dedica ao trabalho de conclusão de curso na faculdade e administra a Stay Cool, sua lojinha online em um site colaborativo. Como influências, cita Jay Roeder e Aline Albino, que usam a técnica de “hand lettering” -a boa e velha caligrafia-, além de Madonna, que “é e sempre será um ícone” para ele. Nesta sexta (28), a cantora aderiu à campanha e compartilhou em seu stories no Instagram a hashtag #EleNão, mas com uma imagem dela amordaçada no lugar da arte de Queiroz.