17/10/2018
O Senado aprovou nesta terça-feira (16) a Medida Provisória (MP) que autoriza a renegociação de dívidas rurais. O texto segue para sanção do presidente Michel Temer. Pelos cálculos do Ministério da Fazenda, o projeto vai gerar custo total de R$ 5,3 bilhões à União. O relator da matéria, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), por sua vez afirma que a versão final do projeto gera um custo de R$ 2 bilhões ao governo. Inicialmente, a proposta do presidente Michel Temer restringiu o benefício da renegociação de dívidas apenas a pequenos agricultores do Norte e Nordeste, no âmbito do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Nesse formato, o impacto era calculado em R$ 1,6 bilhão. Depois, o relator chegou a ampliar o total de dívidas que poderiam ser renegociadas e a abrangência do benefício para todo o país. O senador, entretanto, recuou da mudança, que teria impacto estimado em R$ 17 bilhões. Na versão final aprovada na Câmara e no Senado, agricultores familiares do Norte e Nordeste poderão renegociar dívidas contratadas até 2011 com descontos de até 95%. Para as outras regiões, o desconto será menor -de 60% para operações contratadas até 2006 e 30% para as dívidas assumidas até 2011. Nessa nova versão, Bezerra argumenta que o impacto foi reduzido para R$ 2 bilhões. Como o custo de R$ 5,3 bilhões estimado pelo governo ainda é mais alto do que o previsto inicialmente, o Ministério da Fazenda vai avaliar se sugere a Temer o veto de trechos que ampliaram benefícios.
Um dos principais aliados do candidato Jair Bolsonaro (PSL), o presidente em exercício do partido, Gustavo Bebianno, afirma que um eventual governo do capitão reformado não será formado por maioria de militares. “Isso nunca foi cogitado”, disse em entrevista à Folha de S.Paulo, enquanto acompanhava gravações e edições do programa de televisão do candidato. Bebianno, 54, se apresenta como um liberal e diz que não haverá espaço para diálogo com partidos de esquerda, como PT, PSOL e PC do B, por eles representarem a “mentalidade mais atrasada da face da Terra”. Advogado, ele admite a possibilidade de assumir o Ministério da Justiça, mas afirma não ter sido convidado pelo presidenciável, de quem se tornou amigo próximo. Ele diz que mulheres podem ocupar uma ou duas pastas em um governo Bolsonaro, mas afirma que elas não serão escolhidas por questões de gênero, e sim de competência. Para Bebianno, Bolsonaro aprovou apenas dois projetos de sua autoria como deputado federal por estar sozinho, isolado, mas diz que isso mudará se ele ganhar a Presidência.
Preocupado com o avanço de Jair Bolsonaro (PSL) sobre o eleitorado tradicionalmente petista, Fernando Haddad (PT) prepara uma carta aos evangélicos em que vai se comprometer com a defesa da vida e dos valores da família. O documento deve ser divulgado nesta quarta-feira (17), quando o petista participará de um encontro com lideranças evangélicas em São Paulo, e tenta resgatar o eleitor pobre e religioso que antes votava no PT, mas hoje apoia o capitão reformado. Haddad deve se comprometer a não tratar de temas morais, se eleito, deixando-os para o Congresso, como pedem os religiosos. Segundo pesquisa Datafolha, cerca de 70% dos evangélicos hoje estão com Bolsonaro, que continua crescendo entre os eleitores do Nordeste, pobres e mulheres. O candidato do PSL abriu vantagem de 18 pontos sobre o petista de acordo com o Ibope divulgado nesta segunda-feira (15) -ele tem 59% contra 41% de Haddad. A divulgação da carta aos evangélicos é uma das ações que a campanha do PT pretende desenvolver em um momento crítico, a 12 dias do segundo turno. Após ver a frente democrática ser colocada em xeque com a ausência de figuras esperadas por Haddad, como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), o candidato vai investir em encontros setoriais com artistas, juristas, reitores e cientistas.
Apesar do discurso de que é preciso “ampliar o arco de alianças” na sociedade, esses grupos tradicionalmente apoiam o PT. Além dos evangélicos na quarta, Haddad tem marcado para quinta-feira (18), em São Paulo, um encontro com juristas.