11/10/2018
Levantamento feito pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DAPP) identificou 1,7 milhão de tuítes mencionando o resultado das eleições no nordeste. Segundo a FGV-DAPP, muitas das publicações associavam a vitória de Fernando Haddad (PT) na região à pobreza, ao programa Bolsa Família e à quantidade de migrantes nordestinos que vivem no Sul e no Sudeste. Também foram detectados tuítes criticando as publicações ofensivas. A instituição também identificou muitos tuítes com agressões qualificando militantes pró-Haddad e pró-Bolsonaro de, respectivamente, comunista e variações (“comunistinha”, “socialista de iPhone” etc) e nazista ou fascista e variações (“fascistoide”, “bolsonazi”). População LGBT, mulheres, negros e evangélicos também foram alvos de discussão com ofensas.
O candidato derrotado à Presidência, Cabo Daciolo (Patriota-RJ) solicitou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), nesta quarta-feira (10), a anulação do resultado do primeiro turno das eleições, ocorrido no domingo (7). Ele também pediu o uso de cédulas de votação em papel nas eleições do país.
Jair Bolsonaro, que concorre à Presidência pelo PSL, também é crítico em relação às urnas. Ele afirmou várias vezes que ouviu centenas de relatos de eleitores que não conseguiram concluir o voto para Presidente. Segundo o TSE, não há registro de fraude nas urnas eletrônicas desde 1996, quando começaram a ser implantadas.
A candidata a vice-presidente de Ciro Gomes, senadora Kátia Abreu (PDT-TO), declarou nesta quarta-feira (10) posição de neutralidade na disputa presidencial e defendeu a desistência de Fernando Haddad, do PT. Segundo ela, o artigo 77 da Constituição Federal estabelece que em caso de desistência de um candidato, antes da realização do segundo turno, será convocado o de maior votação no primeiro turno. Neste cenário, Haddad seria substituído por Ciro, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, o que, na avaliação de Kátia, seria a única forma do campo de esquerda derrotar o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. “Eu não estou falando pelo partido, mas não estranharia se por acaso ele [Haddad] desistisse, vendo que pode entregar o país para um fascismo religioso. A lei é clara: se ele renunciar, Ciro é o único capaz de vencer Bolsonaro”, disse.
A senadora elogiou o trabalho de Haddad como ministro da Educação, mas avaliou que ele não está preparado para ser candidato a Presidente após ter perdido em 2016 a reeleição para a prefeitura de São Paulo. “Eu acho que dois anos não é tempo suficiente para ele conseguir uma performance para governar o país”, disse. A alternativa foi citada em reunião da executiva nacional do PDT, nesta quarta-feira (10), na presença de Ciro. A possibilidade legal foi citada pelo deputado federal eleito Túlio Gadelha (PDT-PE).
O mercado financeiro reagiu mal a posicionamentos do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) sobre privatizações e reforma da Previdência, derrubando a Bolsa e levando o dólar a subir para o patamar de R$ 3,75. No exterior, os mercados também tiveram um dia negativo, com quedas ainda mais acentuadas em Wall Street. Pressionado pela baixa nas ações das estatais, o Ibovespa (principal índice acionário do país) recuou 2,80% e fechou na mínima do pregão, a 83.679 pontos. O volume financeiro foi de R$ 14,7 bilhões, abaixo dos números dos últimos dias, mais acima da média diária do ano, que é de R$ 11 bilhões. Bolsonaro disse, em entrevista à TV Bandeirantes na terça-feira (9) à noite, ser contrário à privatização de ativos na área de geração de energia, assim como gostaria de manter estatal o “miolo” da Petrobras. Como resultado, as ações de empresas do setor despencaram. A Eletrobras perdeu quase 10% nesta quarta (10). Já os papéis da Petrobras recuaram perto de 3%, e os do Banco do Brasil, mais de 4%. O dólar avançou 1,40% e fechou a R$ 3,7640. No exterior, o desempenho foi misto: de 24 moedas emergentes, o dólar ganhou força sobre a metade –o real liderou as perdas.