10/10/2018
O coordenador político da campanha de Jair Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), afirmou nesta terça-feira (9) que o entorno do candidato não deve se movimentar, caso ele seja eleito, para a aprovação da reforma da Previdência ainda neste ano.
O presidente Michel Temer disse em setembro que entrará em contato com seu sucessor para tentar aprovar a reforma ainda durante seu governo. Se o sucessor for Bolsonaro, porém, o deputado afirma que o assunto só será discutido depois da posse, e não na transição. “Se ele ganhar a eleição no dia 28, que nós acreditamos que vai, nós vamos tratar desse assunto dia 1º de janeiro de 2019, nem um dia antes”, disse, na Câmara.
Ele criticou ainda a reforma proposta durante o governo Temer, que não chegou a ser votada em plenário já que o capital político do emedebista foi desgastado com a votação de duas denúncias contra ele em 2017. “O Jair não era a favor dessa reforma, eu não sou a favor dessa reforma, a maioria das pessoas que apoiam o Bolsonaro não são a favor da reforma que o Temer propôs porque ela é ruim, uma porcaria”, disse. O deputado é cotado para ser ministro-chefe da Casa Civil de um eventual governo do governo do capitão reformado. Principal articulador político de Bolsonaro, ele veio a Brasília nesta semana para a discussão de apoios partidários no segundo turno. Seu partido, o DEM, é um dos que ainda não decidiu se declara apoio ao candidato ou a neutralidade.
Jornalistas que fazem a cobertura eleitoral foram alvo de 137 casos de violência neste ano, entre agressões físicas e no meio digital. Segundo levantamento da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), foram 75 ataques por meios digitais e outros 62 casos de violência física. A maioria das ocorrências em meio digital (91%) são de exposição indevida de comunicadores, quando os agressores compartilham fotos ou perfis apontando que o profissional segue uma determinada ideologia e, assim, incentivam hostilidades em massa. As agressões ocorrem em especial no Facebook e no Twitter.
Entre os autores de violações contra jornalistas no meio digital estão pessoas públicas e políticos, como o economista Rodrigo Constantino, o humorista Danilo Gentili, os deputados federais eleitos Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann –ambos do PSL-SP– e os procuradores Marcelo Rocha Monteiro (MP-RJ) e Ailton Benedito (MPF-GO). Em um desses ataques, a repórter Marina Dias, da Revista Encontro, com sede em Belo Horizonte, foi hostilizada ao ser confundida com a repórter da Folha de S.Paulo de mesmo nome que publicou reportagem sobre a ex-mulher do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) ter afirmado ao Itamaraty, em 2011, que foi ameaçada de morte por ele. A onda de hostilidades começou após uma postagem feita por Gentili no Twitter.
Já as ocorrências físicas estão relacionadas a coberturas de eventos de grande repercussão ligados às eleições. Em um deles, a cobertura da prisão do ex-presidente Lula, em abril, 19 profissionais de comunicação de diferentes veículos foram hostilizados ou agredidos por apoiadores do petista em Brasília, Belo Horizonte e São Bernardo do Campo, entre os dias 5 e 7 de abril.
Poucos dias antes, em 27 de março, a caravana de ônibus do ex-presidente foi atacada a tiros em Quedas do Iguaçu (PR) – 26 jornalistas estavam em um dos veículos. “Só o acaso evitou a consumação de uma tragédia”, apontou a Abraji na época. O novo levantamento já inclui dois casos de violência que aconteceram nesta semana. A jornalista Miriam Leitão, da TV Globo, foi hostilizada nas redes sociais por apoiadores de Bolsonaro após dizer nesta segunda (8) que o capitão reformado representa um risco à democracia. No último domingo (7), uma jornalista do portal NE10 foi agredida e ameaçada de estupro em Recife depois que dois homens notaram seu crachá, após deixar seu local de votação. Um deles estava usava uma camiseta 10om a foto de Bolsonaro. “Ofensas, assédio e ameaças a jornalistas com o objetivo de silenciá-los são sintomas de desprezo pela democracia. O direito à informação, essencial para toda a sociedade, fica comprometido quando profissionais da imprensa são impedidos de exercer seu ofício livremente”, afirma a Abraji, em nota.