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Parque Nacional de Ilha Grande

ICMBio promove queimadas na Ilha Grande e fumaça provoca reação em Guaíra

09/05/2024 17H29

Jornal Ilustrado - ICMBio promove queimadas na Ilha Grande e fumaça provoca reação em Guaíra

Nos últimos dias, uma densa fumaça proveniente de queimadas invadiu a cidade de Guaíra e proximidades, complicando a vida de quem convive com problemas respiratórios. Quem avistou de longe a nuvem de fumaça no Parque Nacional de Ilha Grande imaginou que seria mais uma queimada criminosa, mas na verdade, foi uma queimada promovida pelo próprio ICMBio, denominada de “queima prescrita”, sob a alegação de que é uma ação que evitaria grandes incêndios.  

Diante da reação negativa dos moradores de Guaíra, o comando do ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, convocou, na tarde da última quarta-feira uma coletiva de imprensa para explicar à população o porquê da densa fumaça na cidade.  

Uma comitiva do ICMBIO composta pelo Analista Ambiental e Diretor do ICBMIO João Paulo Morita, o Diretor da unidade Guaíra Tércio Pezenti, o Chefe Geral do Parque Nacional de Ilha Grande, Artur Sakamoto e o Analista Ambiental Pablo Casella, detalharam sobre o planejamento de queima prescrita iniciado no último dia 22/04/2024 na parte sul da Ilha Grande. 

Eles informaram que o Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF) elaborado em 2022 por um conselho formado por diversas pessoas de diversas instituições e sociedade civil, encontra-se uma variedade de técnicas para preservar a integridade do ecossistema.  

Entre essas técnicas, destacam-se a construção de aceiros por intermédio de roçadas, capinas e a queima prescrita. Esta última, segundo o PMIF, é uma prática controlada, planejada e executada por especialistas com o objetivo de reduzir o acúmulo de material vegetal combustível, prevenir incêndios descontrolados e promover a regeneração de ecossistemas saudáveis. 

Entretanto, a queimada ocorrida na Ilha Grande, próximo ao Município de Guaíra, atingiu o limite programado de 2.000 hectares, porém devido a condições climáticas e ambientais não devidamente observadas, a fumaça acabou saindo do controle e poluindo Guaíra. 

Segundo Paulo Morita, o objetivo era atear fogo em uma área de 2 mil hectares pela ala sul, de forma que formassem bolsões de mata, para deixar corredores de escape para animais grandes e para que o fogo não se espalhasse rapidamente. Paulo destacou que o fogo é natural e faz parte da evolução dos biomas.  

Que as imagens capturadas pelos drones podem dar a impressão errada de devastação, mas na verdade o fogo é uma forma de preservação desde que seja controlado e observado. Essa área da Ilha grande foi escolhida justamente por ter um histórico de muitas queimadas, segundo a explicação de Paulo.  

“Tivemos queimadas em 2017, 2019 e 2021 nessa mesma área, incêndios que queimaram em menos de 14 horas, 36.000 hectares”. 

A intenção com a queima prescrita foi queimar apenas a palhada que é combustível para grandes incêndios. “Observem a diferença, queimas prescritas, tem planejamento e uma área predestinada com estudo de histórico e muitos outros fatores e incêndios são aqueles que ocorrem de forma criminosa e completamente sem controle. Essa é a primeira vez que empregamos essa técnica na Ilha grande e escolhemos esse local justamente devido ao histórico. A intenção é minimizar a expansão de fogos criminosos.” 

Porém, Paulo Morita, também assume em nome do ICMBIO que “houve aprendizados”. Ele destacou que a comunicação antecipada sobre a queima foi pouca e que o descontrole com a fumaça não estava no planejamento, além de não terem o conhecimento que a onda de calor seria tão prolongada. 

Perguntados sobre as consequências que a fumaça trouxe a comunidade de Guaíra Paulo, apenas pediu desculpas a toda população e disse que se tudo der errado a fumaça parará na próxima terça-feira e se tudo der certo a fumaça acaba antes do final de semana. DICSI: Texto: Cíntia Marques. 

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL  

Da Associação Comercial e Empresarial de Guaíra participaram Jair Schlemer presidente da entidade, Ghassan Saifeddine Filho, segundo presidente, Cassius Vilande, diretor jurídico da ACIAG e Marcelo Aquino, diretor de eventos e comunicação da entidade.  

Como é de conhecimento público, o ICMBio utilizou a técnica de “Queima Prescrita” para reduzir o material combustível e prevenir incêndios descontrolados de grandes proporções.  

No entanto, condições climáticas adversas resultaram na concentração de fumaça sobre a cidade de Guaíra, gerando incômodo e demandando explicações, particularmente da Associação Comercial e Empresarial de Guaíra (ACIAG).  

Os técnicos asseguraram que a queima transcorreu conforme o planejado, com eficácia. Morita explicou que esta foi a primeira implementação em larga escala realizada pela entidade, planejada para uma área de 2 mil hectares, tendo sido queimados até o momento 2,3 mil hectares.  

No entanto, condições adversas, como elevação da temperatura e baixa pressão atmosférica noturna, contrariaram os estudos prévios. A diretoria presente da ACIAG, solicitou uma revisão do plano diretor do Parque Nacional Ilha Grande e uma ampla consulta à sociedade para incorporar outros grupos de interesse, como associações e entidades públicas municipais.