CORONAVÍRUS
O temor do colapso do sistema de saúde de Umuarama está próximo de ser concretizado. O que foi visto no início da pandemia na Europa, com pessoas morrendo dentro de suas casas e sem a possibilidade de atendimento médico é uma realidade regional. Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e demais profissionais da saúde estão ficando doentes e o aumento de leitos não vai salvar a vida das pessoas.
Durante toda a semana o prefeito Celso Pozzobom e a secretária de Saúde, Cecilia Cividini, vem alertando a população de Umuarama e região para o problema da explosão de casos de covid-19 e que está levando a lotação de leitos de enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Porém, o cenário atual não afeta só a estrutura física dos hospitais, mas também seus trabalhadores que estão adoecendo.
Na última semana, só a classe médica teve 13 profissionais afastados na cidade, segundo dados da Secretaria de Saúde de Umuarama e no Paraná 124 profissionais da saúde morreram tentando salvar a vida de pessoas com covid-19.
Em entrevista ao jornal Umuarama Ilustrado o médico infectologista do Hospital do Câncer Uopeccan, Raphael Chalbaud Biscaia Hartmann, pediu consciência para a população de toda a região de Umuarama. “Agora quem corre risco de vida somos nós, os profissionais da saúde. A população não ajudou e o reflexo agora é esse, em cinco dias 10 médicos foram afastados na cidade e isso é gravíssimo, porém, as pessoas não entendem”, desabafou.
Afastada por covid-19, a médica Carla Dalponte, que atua na UTI do hospital Uopeccan de Umuarama, falou do drama de não poder trabalhar, nem ajudar os pacientes e seus companheiros de trabalho. “Estamos na linha de frente atuando dia e noite desde o começo da pandemia. Com o aumento de casos estamos mais expostos à contaminação e quando um profissional adoece, toda a outra equipe fica sobrecarregada. Estamos fisicamente cansados e emocionalmente abalados. A população precisa ajudar permanecendo em casa e seguindo as medidas de prevenção, com o uso da máscara e o álcool em gel”, alertou.
Raphael Hartmann falou da situação dos médicos dentro dos hospitais, em que alguns estão trabalho 72 horas sem parar. “Já cheguei a ficar 36 horas direto, mas não estamos conseguindo vencer a doença e a população não ajuda. Agora estamos levando a doença para dentro das nossas casas, pois permanecemos dias dentro do hospital sem conseguir sair. A exposição ao vírus é muito grande. Fora o risco de pegar o coronavírus, estamos exaustos, desgastados e psicologicamente debilitados, uma vez quem fica trabalhando tem que assumir a carga de serviço do outro e não existem peças de reposição. Não somos máquinas”, disse o médico.
Ambos os médicos entrevistados ressaltaram que já não existem especialistas suficientes para atender nas UTIs de Umuarama. “Basicamente não temos profissionais suficientes. A covid-19 é uma doença que demanda atenção de profissionais treinados e muitos estão afetados psicologicamente e outros acuados, pois são especialistas que também estão no grupo de risco e com doenças”, noticiou Biscaia.
Na manhã de sábado, o prefeito Celso Pozzobom ressaltou em live que a situação é complexa, pois nem no Pronto Atendimento de Umuarama existiam vagas para estabilizar os doentes de covid-19. “Estamos conversando para ampliação nos leitos do Hospital Uopeccan, Nossa Senhora Aparecida e Norospar. Como também, a Associação Médica e os prefeitos da Amerios estão organizando para qualificar os médicos da região para estabilizar os doentes nos hospitais dos municípios”, disse.
Hoje Umuarama tem 34 pacientes internados em cidades da macrorregião “Hoje temos mais umuaramenses internados fora da cidade do que aqui”, falou o prefeito Pozzobom.