CORRIDA
Após se frustrar com o “apoio crítico” declarado pelo partido de Ciro Gomes (PDT) à sua candidatura, Fernando Haddad (PT) decidiu investir em outros nomes e visitou em Brasília o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa. O objetivo era tentar convencê-lo a participar de uma frente democrática que se contraponha a Jair Bolsonaro (PSL).
O encontro reservado aconteceu na noite desta quarta-feira (10), com a presença do presidente do PSB, Carlos Siqueira. Haddad antecipou sua ida à capital federal, que só aconteceria na manhã desta quinta (11), para a reunião com Barbosa. O ministro aposentado foi relator do mensalão, que condenou e prendeu petistas históricos, como José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha.
Segundo relatos, o ex-presidente do STF -que cogitou disputar a Presidência da República, mas desistiu em abril alegando motivos pessoais- mostrou-se preocupado com a situação do país, mas não foi assertivo quanto a um apoio declarado à candidatura petista.
Como mostrou a Folha de S.Paulo nesta quarta (10), Haddad ficou preocupado ao ser informado de que Ciro viajaria à Europa nesta quinta-feira (11). O candidato do PT ainda tinha esperanças de convencer o ex-adversário a integrar sua equipe e estimular a formação de um frente suprapartidária pela democracia junto com ele.
Além de Barbosa, a campanha de Haddad quer procurar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (Rede) para compor essa frente.
A ausência de Ciro no Brasil logo na saída do segundo turno -ele deve ficar ao menos 10 dias no exterior- foi entendida como senha por Haddad de que ele não quer participar de um movimento mais amplo contra Bolsonaro. Dirigentes petistas afirmam que a situação de Ciro é “preocupante”.
O pedetista teve 12% dos votos válidos no primeiro turno e pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta mostra que muitos deles migram para Haddad, que hoje tem 42% frente a 58% de Bolsonaro.
Desde o início da semana, auxiliares de Haddad têm criado pontes com o ex-governador do Ceará. Jaques Wagner, senador eleito da Bahia que assumiu a coordenação política da equipe petista, e Camilo Santana, governador reeleito no Ceará, estavam em contato com Ciro e Cid, mas as conversas esfriaram nos últimos dias.
Com o apoio dos partidos de centro-esquerda -PDT, PSOL e PSB- formalizados, Haddad quer ampliar seu arco para outros setores e atores da sociedade e, assim, formar a frente em defesa dos valores da democracia. (Folhapress)