Umuarama

História

Há 50 anos dirigindo um táxi, umuaramense viu a cidade mudar

14/10/2019 08H25

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Taxista há 50 anos em Umuarama, Nercio Beraldo, de 79 anos, viu a cidade sair das ruas de chão de terra para o asfalto e os prédios. Preste a completar 80 anos, o umuaramense é um dos taxistas mais antigos da Capital da Amizade e contou ao jornal Umuarama Ilustrado, como foi seguir na profissão que tanto ama.

O ano era 1.966, seis anos após a emancipação política de Umuarama, quando Beraldo assumiu o volante do seu primeiro táxi, um Volkswagen Fusca. “As ruas ainda eram de terra e Umuarama tinha mais de 130 mil habitantes. Na cidade tinha 136 táxis e todo mundo ganhava dinheiro. Vi essa cidade mudar, chegar o asfalto e os prédios. Também passei pela fase do taxímetro e os carros modernos”, relembrou.

O taxista lembra que ter um táxi naquela época erá sinônimo de muito trabalho. “A gente trabalhava muito. Não tinha carro-forte e tínhamos que levar os malotes dos bancos, como eu era conhecido por ser muito honesto, todos os gerentes queriam meu serviço. Me lembro que tinha dia que era tanto trabalho que quando dava 17 horas o motorista que estava cansado passava a corrida para outro. Ninguém tinha carro e moto nem existia, foram bons tempos”, ressaltou Beraldo.

O umuaramense também já foi presidente do Sindicato dos Taxistas e viveu intensamente sua profissão.

A chegado do cinema

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O ponto de Nercio em Umuarama fica localizado na avenida Paraná, em frente a panificadora Real, e nestes 50 anos de profissão, ele recorda de quando inaugurou o Cine Umuarama. “Quando abriu o cinema a avenida Paraná, perto do nosso ponto, ficava cheia. Depois da janta eu vinha para o ponto e só nesse período o dinheiro que eu levantava dava para a mulher fazer a compra da semana. A cidade era muito movimentada”, recordou.

Pendurando as chuteiras

Com o táxi o umuaramense fez sua vida, casou e da união teve quatro filhos. Hoje, preste a completar 80 anos ele começou a pensar na aposentadoria. “As coisas mudaram muito, todo mundo tem carro e moto. Agora tem o Uber, que não sei se vai dar certo aqui, mas só sei que as corridas reduziram muito. Eu não tenho nada para reclamar da vida, ganhei bem e tudo na honestidade, então estou pensando em me aposentar”, confidênciou o entrevistado.

O taxista ressaltou que foram anos gloriosos do táxi e que dirigir em Umuarama foi uma escolha certeira para época. “Deus e tudo para nós, e faz tudo para a gente ficar bem. A gente que desliza alguma vez. Gosto muito da minha profissão e foi ela que me deu tudo que tenho hoje, só tenho a agradecer”, contou.

Desventura

Em todos esses anos atuando como taxista, Beraldo disse que só teve um problema, foi um assalto em 2017, quando um homem colocou uma arma em sua cabeça. “O cara estava sentado aqui no ponto e eu cheguei com o carro. Ele pediu uma viagem para buscar a esposa, no meio do caminho ele colocou uma arma na minha cabeça e pediu dinheiro. Entreguei R$ 300,00 que eu tinha. O assaltante não deixou eu sair do carro e pegou a direção do veículo. Pedia para ele me deixar, mas não deixou, foi então quando pedi para Deus fazer ele bater o veículo e logo em seguida ele bateu. Agradeço muito a Deus, ele saiu correndo e me deixou. Fora isso não tive nenhum problema”, finalizou o umuaramense.