UNIÃO PELA VIDA
Ser a base para o crescimento pessoal, profissional e fortalecimento da rede de mulheres, este é o objetivo do Grupo União Pela Vida de Umuarama, que há 22 anos leva apoio psicológico, social e econômico para as umuaramenses vivendo e convivendo com o vírus HIV/AIDS.
Com um trabalho pautado na união e apoio, a Ong conta com 22 famílias que participam diariamente das atividades com preparadora física (mobilidade, resistência e musculatura), artesanatos, aulas de confecção de alimentos, inglês social, alfabetização, auxilio social e psicológico.
“Entramos na parte de garantir os direitos dessas mulheres, mas não do assistencialismo. Queremos mostrar para elas, que existe vida na doença. Mostrar que é possível estudar, ter um emprego, uma profissionalização, uma renda, ser uma pessoa inserida na sociedade”, ressaltou a presidente Bruna Marcelly Coutinho.
Desta forma, a Ong União Pela Vida chega para desmistificar a doença, como também, retirar a pessoa de uma vida de isolamento, muitas vezes relacionada com o preconceito da sociedade.
Dos atendidos pelo Grupo União Pela Vida, 100% são de mulheres casadas com primeiro marido – entre 30 a 70 anos – e que descobriram a doença no pré-natal ou quando seus parceiros ficaram doentes. “Algumas pessoas que atendemos aqui chegam chorado e falam que nunca conheceram outro homem. Casou virgem e era mulher de um homem só. Elas estavam dentro de casa, lavando e passando, cuidando dos filhos. Como elas vão aceitar a doença? Agora vivem sem o marido e desamparadas, pois muitas vezes a rejeição ocorre dentro da família. Como nunca puderam ter profissão, pois o marido não deixava trabalhar, estão perdidas”, ressaltou a presidente Bruna.
Neste cenário de desolação e preconceito, o trabalho do grupo é de acolher e fortificar. Para isso o trabalho começa com o atendimento psicológico e passa pela aquisição de conhecimento. “Uma mulher que casou na adolescência, viveu a vida toda dentro de casa, foi infectada pelo marido, ficou viúva e foi colocada para fora de casa pela família. Esta é uma história de muitas realidades aqui. Porém, depois que chegou até nós, hoje com 55 anos, ela aprendeu a ler e escrever, consegue ir ao mercado, ao médico sozinha e pagar seu aluguel. Ela começou a viver. Este é nosso papel”.
Para a presidente do grupo, a satisfação do trabalho é ver que os participantes estão com a carga viral indetectável, ou seja, estão seguindo o protocolo de medicação o que proporciona melhor qualidade de vida. “Seguindo corretamente o protocolo, as pessoas não estão a mercê de doenças oportunistas. Conseguem seguir uma vida”, diss.
Mesmo com as campanhas e promoções ao longo dos anos para desmistificação da HIV/AIDS, Bruna Coutinho fala do preconceito para com a pessoas portadoras do vírus. “Existe um preconceito enorme e são marginalizados. Mas o vírus não pega com contato físico, não pega com um beijo ou compartilhar talheres. Alguns perguntam qual a mudança quando essas mulheres cozinham um bolo aqui e levam para casa para o próximo comer? Isso é integração com a sociedade, pois quem não convive com a doença vai entender que ele não pega o vírus comendo ou abraçando”, alertou.