Eleições
O engenheiro agrônomo Antonio Carlos Fávaro, 65 anos, esteve em visita ao Jornal Umuarama Ilustrado nesta semana. Afastado oficialmente da vida pública desde 2016, após perder a eleição de prefeito para Celso Pozzobom, confessou que passou os últimos sete anos estudando e se preparando para voltar para a disputa.
Disse que a derrota nas urnas foi um tombo doído, mas o fez amadurecer e aprender com os erros. “Se houve falha, foi minha e não do eleitor. O político brasileiro tem que entender e dividir responsabilidades e assumir falhas, para as identificar e corrigir”, ressaltou.
E confirmou: é sim pré-candidato a prefeito de Umuarama no pleito de 2024. A decisão ocorreu após um momento pessoal muito difícil, com o falecimento da esposa, Ana Maria, após 40 anos de parceria.
Dono de um temperamento ponderado e fala mansa Fávaro tem um perfil técnico e planos de estadista. “A gestão pública tem que ter continuidade, independente de quem seja o gestor”, afirmou. Essas qualidades sempre o colocaram como uma ‘escolha certa’ em gestões públicas de quase todos os prefeitos que governaram Umuarama nos últimos 40 anos.
E agora, disse estar pronto para assumir ele mesmo a direção da Capital da Amizade e que conhecer o funcionamento da máquina pública por dentro e também por fora é um facilitador. Em uma entrevista de quase duas horas, Fávaro deu respostas firmes e claras para questões delicadas e que emperram o aceleramento do desenvolvimento do Município.
Você foi candidato a prefeito de Umuarama em 2016 e perdeu. Depois, se recolheu politicamente nas eleições de 2020. E no próximo ano? A gente ouve falar que pode vir a concorrer novamente. É verdade?
Hoje eu sou pré-candidato a prefeito de Umuarama para as próximas eleições. A derrota foi muito difícil, mas foi um aprendizado. Hoje estou muito mais preparado. Estudei nos últimos anos, me preparei para ser um gestor público para Umuarama, com cursos ligados ao setor público. Qual o papel do prefeito e da prefeitura na vida das pessoas? É melhorar.
A gestão pública que proponho é técnica para gerenciar os recursos públicos de forma que atenda da melhor forma possível as necessidades das pessoas.
Por exemplo: se um paciente não tem condições de ir buscar sua medicação no posto de saúde por ser acamado, esse remédio tem que ser levado até ele. Isso é resolver uma necessidade. Dai dizem: mas eu já dou o remédio, tenho que levar também? Primeiro, o remédio não é dado. É resultado da contribuição por impostos. E segundo: levar essa medicação até esse paciente é obrigação, não é favor.
Ilustrado – Você comentou que já tem um plano de governo pronto para Umuarama, caso seja eleito prefeito em 2024. Como é isso? E qual o principal foco?
Sim, tenho na verdade um plano de governo e um plano político, para formar novas lideranças locais e regionais. Hoje temos uma carência grande de representatividade e temos que mudar isso. Esse plano de governo é uma proposta do que é possível e planeja Umuarama para os próximos anos e passa por um processo de melhorar a eficiência do serviço público, com uma gestão mais ágil com foco na tecnologia, na inovação, para trabalhar em benefício do cidadão.
Hoje precisamos da volta do bom gestor público. Sempre digo que o eleitor vota enganado, pois o candidato promete, não cumpre, mas o eleitor acreditou naquela promessa. Por isso, a minha proposta é sobre o que é possível.
Ilustrado – Uma das queixas mais comuns dos administradores públicos é o engessamento legal de um processo licitatório, criado justamente para proteger os recursos públicos de forma a cumprirem realmente a sua destinação. Como pretende trabalhar isso?
Se eu tenho um planejamento do que será feito durante todo o ano, eu tenho como planejar as despesas, me antecipar e saber o que será preciso comprar e em que momento. Isso permite fazer uma melhor compra e em melhores condições. A gestão pública precisa de uma mudança de comportamento, ser mais ágil e eficiente para garantir um serviço de qualidade ao cidadão a um melhor custo.
Ilustrado – E qual seria a sua ‘menina dos olhos’ em uma futura gestão pública em Umuarama?
A educação. A educação promove a boa saúde, a cultura, a moral e a conduta das pessoas. A educação é uma ferramenta que, junto com a religião, com a fé em Deus, promove a união das famílias. Quero ter a chance de planejar o futuro real e não sonhador.
Ilustrado – Como engenheiro agrônomo, técnico da Secretaria de Estado da Agricultura você tem se dedicando a um trabalho bastante importante para Umuarama e a região. Você poderia, já de início, nos fazer um breve resumo do que se trata esse trabalho?
Assumi a coordenação regional do ProMapa, um projeto do governo do Estado, da Ocepar e da cooperativa Frimesa que está mapeando 140 municípios das regiões Oeste e Noroeste, começando pelas regiões de Umuarama, Cianorte, Paranavaí e Maringá, para saber qual a ocupação de produção rural de cada um deles. O objetivo é saber quais as potencialidades de cada município para atrair investimentos. Para isso temos que ter dados com a realidade, a potencialidade e buscas as possibilidades de investimentos. Até março de 2024 tem que estar concluído.
Funciona assim: equipes de coleta de dados serão designadas em cada município, com o apoio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SEAB) através do DERAL (Departamento de Ecônomia Rural). Esses dados abrangem informações como o tamanho dos municípios, tipos de culturas, áreas de cultivo. estradas rurais, reserva legal e florestas plantadas e nativas.
É importante dizer que esse mapeamento não é apenas uma ferramenta para tomada de decisões; é um impulso significativo para o desenvolvimento e o progresso sustentável na região. Com a união de esforços e visões, a região Noroeste do Paraná estará preparada para um futuro brilhante e próspero.
Ilustrado – Você está em Umuarama desde os anos 80, sempre atuando nessa área de agropecuária e meio ambiente, como avalia a importância desse atual trabalho para o nosso município?
É muito importante. Hoje Umuarama cresce, mas em um ritmo mais lento. Com as informações obtidas será possível acelerar o crescimento de Umuarama região, pois vamos saber o que se tem e quais as potencialidades que realmente temos. Em área, a região de Umuarama representa 7% de área do Estado, mas o nosso PIB (Produto Interno Bruto) rural regional fica entre 3,5% a 4%. Estamos produzindo menos do que temos capacidade. E o solo arenoso não é desculpa. Com a tecnologia tem sim como produzir mais em todo o Noroeste. A implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) será de suma importância nesse processo.
Ilustrado – Trata-se de um trabalho a ter resultados práticos em curto ou médio prazo? E como poderá refletir na economia e no social?
A partir do momento que conseguimos atrair investidores para Umuarama e região, as pessoas vão produzir mais, aumentar a renda e como consequência gastar mais também, no comércio local e isso faz com que a prestação de serviços, que já é forte, seja ainda maior. E assim, melhora a qualidade de vida das pessoas. Temos que ter empregos, mas empregos que sejam especializados também e não apenas de mão de obra sem qualificação. Quanto mais qualificado, maior a renda gerada. Um comparativo: em Umuarama a média salarial é de 2,1 salários-mínimos. Em Douradina, a média é 2,4 salários-mínimos. Mas por quê? Será que a mão de obra de Douradina está mais qualificada do que a de Umuarama? Isso que temos que mudar e aumentar.
