Cotidiano

SÉRIE DE ASSASSINATOS

Família tenta entender como protético, vítima de assassino em série, foi atraído para a morte

07/03/2023 09H09

Jornal Ilustrado - Família tenta entender como protético, vítima de assassino em série, foi atraído para a morte
Protético Fernandes Nunes de Araújo

A família do protético Fernandes Nunes de Araújo, uma das vítimas de uma série de assassinatos registrados em Umuarama no último mês, praticados por um único homem, ainda tenta entender o que motivou o crime e como o suspeito atraiu a vítima até a Estrada dos Pássaros, próximo à avenida Portugal, local onde o corpo foi encontrado coberto por galhos de árvore. Dois irmãos de Fernandes, moradores de Maringá, estiveram na 7ª Subdivisão Policial (SDP) de Umuarama, na manhã desta segunda-feira (6). Na oportunidade, eles falaram com o Umuarama Ilustrado sobre o ocorrido.

UMA PESSOA DO BEM

Segundo os irmãos, que não quiseram se identificar, Fernandes era uma pessoa alegre, amorosa, tranquila e tinha um coração enorme. “Ele era aquela pessoa que se alguém batesse no seu rosto direito, ele virava o lado esquerdo. Não tinha inimizade com ninguém”, disseram os irmãos.

Ainda conforme os familiares e amigos de trabalho, Fernandes não era usuário de drogas. 

FAMÍLIA ERA DE MARINGÁ

De acordo com os irmãos, com Fernandes, eles eram em sete irmãos, sendo quatro homens e três mulheres. Fernandes era o irmão do meio, tinha um filho de 9 anos e um de 20 anos. Toda a família mora em Maringá, incluindo os filhos.

O protético viveu boa parte da vida na Cidade Canção, mas devido ao trabalho se mudou para Ivaiporã, onde atuou por anos.

VIDA EM UMUARAMA

Em 2019, pouco antes da pandemia, Fernandes se mudou para Umuarama.

Conforme os familiares, o protético chegou a morar junto com uma mulher por cerca de dois anos, mas estavam separados há alguns dias.

O proprietário do laboratório de prótese odontológica onde Fernandes trabalhava, em Umuarama, disse que ele estava na empresa há seis meses e que o funcionário era um profissional exemplar. “Um colaborador dedicado e responsável. Todo esse tempo que trabalhou aqui cumpriu com suas responsabilidades. Era uma pessoa do bem, inclusive, eu deixava a chave da empresa com ele, tamanha era a confiança”, explicou o empresário, que também não quis ser identificado.

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Protético Fernandes Nunes de Araújo

O DESAPARECIMENTO

Os irmãos disseram que a família tem um grupo em um aplicativo de mensagens, onde sempre conversam. No dia 11 de fevereiro perceberam que Fernandes, que era um dos que mais se comunicava, não estava interagindo com a família no grupo.

Nos dias 12 e 13, Fernandes também não apareceu no trabalho, o que causou estranheza entre os colegas e o patrão, uma vez que o protético não era de faltar no serviço. O patrão, então, ligou para a família de Fernandes avisando sobre o desaparecimento do funcionário.

Na sequência, os familiares de Fernandes foram até a delegacia de Maringá e registraram um boletim de ocorrência do desaparecimento. Eles também vieram até Umuarama, onde fizeram buscas pelo profissional, inclusive, em sua residência, mas não o encontraram.

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Imagem do assassino confesso na garupa de Fernandes, que é quem pilota a moto. Registro feito no dia 11/02, dia em que a vítima desapareceu 

ENCONTRADO MORTO

A busca por Fernandes acabou no dia 24 de fevereiro, um dia após completar 51 anos, quando o Grupo de Diligências Especiais (GDE) da Polícia Civil de Umuarama encontrou o corpo do protético, que estava coberto por galhos de árvore na Estrada dos Pássaros, próximo à avenida Portugal, em Umuarama.

A motocicleta de Fernandes, uma Honda Twister, que havia sido levada pelo assassino, foi recuperada pela Polícia Civil, em uma oficina localizada na Zona VII, em Umuarama.

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Imagem do assassino confesso conduzindo a moto de Fernandes no dia 15/02, três dias após o desaparecimento 

O corpo de Fernandes foi velado e sepultado na última semana, no dia 27, em Maringá.

A família clama por Justiça. “Queremos a Justiça da terra. A de Deus sabemos que não falha”, disse um dos irmãos.

SUSPEITO DE MATAR FERNANDES CONFESSOU OUTRAS 3 MORTES

O suspeito de matar Fernandes também é investigado por outros três assassinatos em Umuarama. Guilherme da Costa Alves, de 26 anos, inclusive, confessou todos os crimes e indicou aos policiais os locais onde ocultou os corpos. Os homicídios em série chocaram o Paraná.

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Guilherme confessou ter matado quatro pessoas em Umuarama

INDICIADO PELA MORTE DE MÉDICO E TRAVESTI

Guilherme foi indiciado pela Polícia Civil pelos crimes de homicídio qualificado (por duas vezes), ocultação de cadáver (por duas vezes) e furto (por duas vezes).

Ele é acusado de matar o médico Renan Tortajada e a travesti Alexan Carlos de Goes, a Sabrina Medeiros no carnaval de 2023 e ocultar os corpos e furtar o carro de Tortajada e dinheiro de Sabrina. Guilherme Alves confessou até o momento quatro mortes para a polícia.

OUTRAS MORTES

O delegado informou ainda que em relação aos outros dois corpos encontrados e que teriam sido vítimas do mesmo suspeito, incluindo o de Fernandes, foi instaurado um inquérito policial distinto para cada morte. Esses procedimentos não possuem prazo definido para conclusão, uma vez que não há prisão cautelar expedido no bojo dessas investigações.

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Delegado-chefe da 7ª Subdivisão Policial (SDP) de Umuarama, Gabriel Menezes (à direita), e o delegado operacional Leonardo Rodrigues Martine (à esquerda).