DIA DOS PAIS
Tente imaginar o quanto você se doaria para uma pessoa, sendo que para isso, seus sonhos, projetos e objetivos de vida fossem deixados para segundo plano ou simplesmente abortados, porém tudo isso por amor. Neste contexto, no Dia dos Pais, o Jornal Umuarama Ilustrado conta a história de Alessandro Piffer e Nicolas Minchiguerre Piffer, pai e filho que unidos estão superando barreiras dolorosas da vida.
Nícolas hoje tem três anos, mas neste pequeno período de vida a criança lutou contra a morte várias vezes, como um bravo guerreiro. Conforme Alessandro, antes do filho nascer, ele e sua esposa tinham planos de mudar para Europa e para isso começaram o processo de desligamento da empresa, onde ele trabalhava e os trâmites burocráticos.
No dia em que Alessandro foi desligado do seu trabalho, ele descobriu que seria pai. “Foi um sentimento muito diferente, demorei uma hora para entender o que estava acontecendo. Mas felizes da vida, decidimos manter os planos e fui para Itália dar continuidade na minha cidadania, para depois levar minha esposa e filho”, disse.
Vivendo menos de três meses na Itália, o futuro pai recebeu uma ligação informando que seu filho estava nascendo e até aí, tudo estava bem. “Ele nasceu bem, estava tudo bem com ele, nasceu com 44 centímetros e 2,450 quilos. Mas, num segundo telefonema me avisaram que ele estava entubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O desespero tomou conta do meu corpo e quatro dias depois eu já estava com o Nícolas no Brasil e ele ainda na UTI”, disse.
O que era felicidade virou incerteza e impotência para a família Piffer. Nicolas permaneceu várias semanas na UTI lutando com o auxílio do respirador, tendo apneias e sendo reanimado pelos médicos. “Não temos uma clareza de diagnóstico, pois nunca falaram ao certo para gente. Quando eu consegui tocar nele pela primeira vez eu falei: ‘Papai chegou. Fique tranquilo e faça as coisas no seu tempo, pois vamos sair dai e tudo mundo está aqui esperando por você”, disse Piffer.
Em meio a entubações e luta para manter-se vivo, Nícolas saiu da UTI e permaneceu até o quinto mês sem grandes complicações até começar a segunda luta do bebê. “Percebemos que o desenvolvimento era mais lento em relação aos outros bebês, mas estava começando a sentar e se desenvolvendo. Foi quando vieram as convulsões e a luta para saber o que nosso filho tinha”, lembrou o entrevistado.
Alessandro e Laís Piffer iniciaram a saga para tentar salvar o filho e a busca de tratamento, mas principalmente identificar o que Nícolas tinha. “Quando chegaram com o diagnóstico de Sindrome de West, algo que já suspeitávamos, como também a situação do cérebro de Nícolas, eu sumi. Só lembro que eu e a Laís começamos a chorar, não sei se me despedi do médico, como sai do prédio ou andei na rua. Foi terrível”, ressaltou o pai.
Depois de andar por alguns especialistas o casal encontrou o médico Sérgio Antoniuk em Curitiba e foi quando a esperança surgiu. “Minha esposa ligou para Curitiba tentando agendar uma consulta, mas só tinha para os próximos três meses, Porém, a Síndrome de West não dá esse tempo para um bebê, mas conseguimos um encaixe para o dia seguinte. Largamos tudo aqui, emprestamos um carro e saímos correndo para Curitiba e sempre foi assim, deixamos tudo para dar o melhor para o Nícolas, dentro das nossas limitações” explicou Alessandro.
Já no consultório em Curitiba, o casal teve uma explicação melhor da síndrome como também orientações. De lá para cá a luta dos pais e do pequeno Nícolas continua.
Alessandro Piffer conta que hoje, dentro do quadro clínico, Nícolas não tem mais a Síndrome de West, mas as sequelas ficaram: paralisia cerebral e um agravo grande na parte motora da criança. “Eu não queria ser pai de outra criança. Ele é o filho perfeito, amo de paixão aquele moleque. Todo dia que saio para o serviço quero voltar logo para ver ele. O Nícolas é um menino ímpar”, exclamou.
“Ser pai do Nícolas é como ser pai de outra criança, mas com maior intensidade. Quando vamos para um local me corta o coração ver as crianças correndo e o Nícolas não poder fazer o mesmo, pois ele não corre, não senta sozinho. Tem vez que ele vê as outras crianças e fala: “pai quero ir lá”. Mas as crianças não querem brincar com o Nícolas, pois elas não foram ensinados a brincar com uma criança com deficiência. Nossa sociedade é assim”, desabafou.
Para Alessandro ser pai não é para qualquer pessoa e quando alguém for fazer algo, que faça de coração, pois mesmo não sabendo o caminho o resultado será certeiro. “Fazer filho qualquer um faz, agora ser pai não é para qualquer um. Desde que comecei a entender como funciona o mundo eu tive essa opção de não ser um pai que abandonaria a família. Sou responsável pela vida do Nícolas e a partir do momento que resolvi casar com minha esposa, eu sou responsável pela vida dela também. Tenho que dar o melhor de mim para dar uma vida digna para eles”, noticiou.
O jovem pai finalizou a entrevista desejando um feliz Dia dos Pais para todos. “E para as pessoas com alguma dificuldade, acreditem em você, corram atrás do que acreditam, pois existem pessoas que vão te ajudar no caminho”, disse Alessandro.