Lava Jato
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (26) uma nova fase da Operação Lava Jato, denominada Integração 2, para apurar suspeitas de corrupção na concessão de rodovias federais no Paraná que fazem parte do chamado Anel da Integração.
Estão sendo cumpridos 19 mandados de prisão -três prisões preventivas e 16 temporárias (válidas por cinco dias)- e outros 73 de busca e apreensão, nas cidades de Curitiba, Ponta Grossa, Irati, Maringá, Londrina e São Paulo.
Entre os alvos da operação, estão o diretor-presidente da ABCR (Associação Brasileira de Concessões Rodoviárias), João Chiminazzo Neto; o ex-secretário de Infraestrutura e irmão do ex-governador Beto Richa, Pepe Richa; o primo do ex-governador, Luiz Abi Antoun; e representantes das seis concessionárias que cobram pedágio nas rodovias federais do Paraná: Econorte, Ecovia, Ecocataratas, Rodonorte, Viapar e Caminhos do Paraná.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), os crimes começaram em 1999, durante o governo de Jaime Lerner, e se estenderam até o final de 2015. O esquema pagava propinas mensais de até R$ 240 mil, destinadas a membros do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e da Agepar (Agência Reguladora do Paraná), a fim de facilitar a concessão de aditivos e a análise de outros pedidos de interesse das concessionárias.
O diretor da ABCR, que é alvo de um mandado de prisão, ainda é suspeito de intermediar pagamentos de propina para bloquear investigações do Tribunal de Contas e da CPI dos Pedágios, que apuravam suspeitas de superfaturamento nos contratos das concessionárias.
O MPF identificou diversos atos administrativos que favoreceram as empresas ao longo dos anos, como a supressão de duplicações previstas em contrato e o adiamento de obras sem redução no valor do pedágio.
O montante de propinas, que no início era de R$ 120 mil mensais e foi sendo reajustado ao longo dos anos, era rachado pelas seis empresas. No total, pelo menos R$ 35 milhões foram pagos em vantagens indevidas, segundo o MPF.
De acordo com os investigadores, as concessionárias simulavam ou superfaturavam a prestação de serviços para obter dinheiro em espécie, e usavam operadores financeiros como Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran, já investigados na Lava Jato, para emitir notas frias.
O MPF também diz ter identificado um esquema paralelo de pagamento de vantagens indevidas entre 2011 e 2014, durante a gestão de Beto Richa (PSDB). Nesse caso, empresas fornecedoras do governo pagavam 2% do valor do contrato a agentes do DER, por meio do operador Aldair Petry, o Neco. Pelo menos 70 empresas participaram desse esquema, segundo os procuradores. A investigação se baseia nos depoimentos de delatores -como o ex-diretor do DER Nelson Leal Júnior e o ex-presidente da Econorte, Helio Ogama-, e em provas recolhidas em fases anteriores da Lava Jato, que também tiveram como alvo a corrupção no governo do Paraná.