Umuarama

CULTURA

Escultor de fama mundial, agora é umuaramense!

06/02/2024 15H49

Jornal Ilustrado - Escultor de fama mundial, agora é umuaramense!
A águia é uma das peças do artista que são mais pedidas entre os clientes

O escultor Nariyoshi Isozaki, de 65 anos, com obras espalhadas em diversas partes do mundo, inclusive duas peças no Palácio Imperial, no Japão, agora é umuaramense. Ele e a esposa, trocaram Maringá por Umuarama há quase dois anos. A mudança foi justamente para ter espaço, silêncio e contato com a natureza necessários para a criação de suas obras.

Nariyoshi é de nacionalidade japonesa, mas veio para o Brasil ainda criança com a família, que se instalou em Maringá, que tem uma das maiores colônias nipônicas do Brasil.

A maior parte do trabalho do artista tem uma pegada oriental, com ênfase em animais que têm simbologia dentro da cultura nipônica, como a garça ou tsuru, considerado o símbolo do Japão, que representa a longevidade, a saúde e a prosperidade.

Uma das mais imponentes é a águia, com cerca de 1,60 metro de envergadura, de uma ponta a outra das asas. Ela simboliza o poder, a realeza, a força e a autoridade. “A garça e a águia são as mais pedidas”, esclareceu Nariyshi ao Ilustrado, quando visitamos seu espaço esta semana.

NIPÔNICA

A escultura impressiona, pois é uma peça interiça, criada a partir da integração entre a nobreza da madeira com seus veios e os detalhes do entalhe feito de forma artesanal, com formão e o martelo de madeira. É um trabalho que exige paciência, atenção e muita criatividade. O resultado é belo aos olhos e a alma.

Mas a peça que mais chama a atenção é uma réplica de um dos mais  de 1600 templos existentes na cidade de Kyoto, que abriga inúmeros locais sagrados. A escultura de Nariyoshi retrata com detalhes simétricos e perfeitos toda a beleza e esplendor de um templo japonês, que tradicionalmente é um local de paz, harmonia e meditação.

 A peça tem pouco mais de um metro de altura, entalhada em mogno, tendo um tom mais avermelhado que as demais expostas no espaço da casa do artista. A escultura não tem encaixes ou partes coladas.

O artista conta que cada artista tem uma forma de trabalho e ele se inspira dentro da cultura nipônica e aos poucos, primeiro com um lápis e depois com o formão e martelo, vai dando forma aos tocos de madeira, até a transformação final. O trabalho é lento, metódico e exigente. E mesmo assim, a produção, por ser totalmente artesanal, leva de quatro a seis meses em média. É comum o artista ter duas ou três peças em execução ao mesmo tempo.

Nariyoshi não desenha no papel. Sempre direto na madeira, então qualquer batida ou lasca fora do lugar, pode comprometer todo o trabalho. “Quando vejo que algo não está saindo como espero, paro, vou fazer outra coisa ou vou para outra peça. Depois de um tempo, pego de novo e o trabalho flui”, explicou.

O INÍCIO

Seu pai pintava telas e ainda muito jovem Nariyoshi desenvolveu os traços para o desenho. Na adolescência, na década de 1.970, seu primeiro trabalho foi em uma fábrica de cabeceiras de cama. Ele era responsável por fazer os desenhos, na maioria de animais, que posteriormente eram entalhados pelos profissionais na madeira.

E foi pelo convite do chefe dos entalhadores que o jovem Nariyoshi aprendeu a arte de entalhar na madeira. “Na época até os formões tínhamos que fazer. Não tinha pronto para comprar”, relembra saudoso. No início, o trabalho eram quadros entalhados. Com o tempo, passou a esculpir e seu trabalho chamou a atenção de amigos do pai, bem como de integrantes da colônia japonesa em Maringá.

O MUNDO

A partir daí, começaram as exposições, Los Angeles e São Francisco nos Estados Unidos, Okinawa, Osaka, no Japão, na Alemanha e em cidades brasileiras. No início da década de 1.990, parou com as esculturas.

Durante uma exposição, no Japão, recebeu o convite para trabalhar com intérprete em uma grande fábrica. Foi bem no período em que houve uma grande quantidade de brasileiros que migraram para a terra de seus ancestrais em busca de uma vida melhor e da possibilidade de ganhar mais dinheiro. Por 18 anos ele e a família ficaram na terra do sol nascente.

Quando retornou ao Brasil, veio ele, a esposa e uma dos quatro filhos do casal. “Meus outros filhos e netos moram todos no Japão. Eles vêm para o Brasil a passeio, mas não se acostumam”, contou. O casal foi para Maringá.

“Mas a nossa casa já estava no centro, próximo ao estádio Willies Davids e mesmo respeitando todos os horários, era complicado trabalhar com a serra usada no início de cada obra”, explicou. Foi quando surgiu a oportunidade de fazer uma troca de imóveis com uma irmã, o que trouxe Nariyoshi para a Capital da Amizade.

E em Umuarama, ele encontrou o espaço e a tranquilidade necessária. O trabalho executa em um barracão ao lado de sua casa, na zona rural da cidade. O imóvel, que tem uma grande varanda, metade está ocupada com peças empacotadas para a próxima exposição, prevista para os dias 09 e 10 de março, na Nipofest, em Cascavel. O restante do espaço é usado para abrigar as obras que já estão prontas.

Visando o mercado local do agronegócio, o escultor está desenvolvendo projetos voltados para obras com imagens de cavalos e bois, como uma escultura interiça retratando a cabeça de um boi encostada, em um gesto de carinho, com a figura de uma criança.

SERVIÇO

Jornal Ilustrado - Escultor de fama mundial, agora é umuaramense!
Todo o trabalho é artesanal e feito basicamente com o formão e o martelo de madeira

Escultor Nariyoshi Isozaki

Contato:  44 9714-8823

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Nariyoshi tem investido em trabalhos voltados para o agronegócio