Vida e Cultura

Luto

Erasmo Carlos: morre o ‘Tremendão’ da jovem Guarda, aos 81 anos

22/11/2022 14H39

Jornal Ilustrado - Erasmo Carlos: morre o 'Tremendão' da jovem Guarda, aos 81 anos

Erasmo Carlos, cantor e compositor considerado um dos principais nomes da Jovem Guarda no Brasil, morreu nesta terça-feira, 22, aos 81 anos de idade. As informações são da Globonews.

Em agosto de 2021, o cantor chegou a ficar internado por oito dias, após ter sido infectado pelo coronavírus. Em outubro deste ano, voltou a ser hospitalizado com quadro de síndrome edemigênica e teve alta no início de novembro, segundo informou sua assessoria de imprensa. Na manhã desta terça, novamente precisou ser hospitalizado, também no Hospital Barra Do’r, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

O trabalho mais recente de Erasmo Carlos foi o álbum O Futuro Pertence à… Jovem Guarda. Lançado em fevereiro, o disco traz oito releituras de sucessos da época da Jovem Guarda que ficaram marcados na voz de outros cantores. São elas: Nasci Pra Chorar, O Ritmo da Chuva, Alguém na Multidão, O Tijolinho, Esqueça, A Volta, Devolva-Me e O Bom. Na última edição do Grammy Latino, no dia 17, ele ganhou na categoria melhor disco de rock de língua portuguesa ou álbum alternativo.

O início

Seus primeiros passos na música se deram ainda na década de 1950, quando formou o quarteto The Snakes ao lado de Arlênio Lívio, José Roberto China e Edson Trindade. Os três eram ex-integrantes do grupo The Sputniks, no qual haviam tocado junto com Tim Maia e Roberto Carlos.

Foi por volta daquela época que Erasmo se deparou pela primeira vez com aquele que seria um de seus grandes parceiros na música. “Eu estava lá em casa, na Tijuca, e um amigo em comum bateu na porta com o Roberto Carlos. ‘Queria te apresentar um amigo que é cantor’. Já conhecia ele da televisão. Eu colecionava muitas letras de música, fotos de artistas de rock and roll, e ele precisava de uma letra que eu por acaso tinha”, lembrava, ao Fantástico, em 2013.

“Era Hound Dog, de Elvis Presley. Ficamos conversando e rolou um papo legal de rock. Ele falou: ‘Aparece lá pela televisão’. Aí eu comecei a sair do trabalho, ir para lá, só para ver. Eram 15 minutos de programa. Fui ficando amigo da equipe, das dançarinas, os músicos. Daqui a pouco já comprava um sanduíche para o Carlos Imperial, conhecia o porteiro, entrava direto. Aí que o Imperial me chamou para ser secretário dele”.

“Com o Roberto Carlos, também, a gente foi convivendo e ficando amigo. Muitas brigas, por exemplo, de turmas, mas que nos aproximaram muito. Aquela coisa de ‘brigamos juntos’, sabe? Dessa amizade de amigo, a gente foi se identificando musicalmente, também. Com meu conjunto vocal, fui fazendo coro para ele. Até o dia em que nós resolvemos fazer uma música, um rock em português, Parei na Contramão”, continuava.

Anos depois, ao lado de Roberto e Wanderléa, Erasmo Carlos foi um dos apresentadores do histórico Jovem Guarda, programa da TV Record exibido entre 1965 e 1968. Em seu palco, passaram grandes nomes da música brasileira, que à época faziam sucesso com o público jovem. Além do trio, destacaram-se nomes como Ronnie Von, Wanderley Cardoso, Vanusa, Sérgio Reis, Jerry Adriani, Fred Jorge e grupos como Renato e seus Blue Caps, Os Incríveis e Golden Boys. Nessa época, compôs o clássico Festa de Arromba.

“Na Jovem Guarda ninguém fumava nem bebia. Só depois experimentei maconha e outras drogas, como ácido, mas só duas ou três vezes”, garantia.