Entre moderados e extremistas

Eliseu Auth

     Se a gente olhar para a história verá que nela há uma luta constante entre extremistas e moderados. Entre os que querem ver sangue escorrendo e os que querem evitar a sangria. A revolução francesa traz exemplo paradigmático. Os moderados girondinos e os radicais jacobinos estavam unidos para depor o rei Luiz XVI e implantar a república. A diferença é que os moderados girondinos não queriam matá-lo e nem matar quem discordasse. Já a turma jacobina de Marat, Danton e Robespierre matou o rei e a rainha. E fez a matança do setembro negro, decapitando quem tivesse qualquer tipo de reparo às perseguições em nome da revolução.    

     Não sou especialista na briga entre judeus e árabes, mas como o ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado”, consigo tirar a essência desse drama e concluir que a solução está na criação de um Estado Palestino. Aliás, foi o ponto em que a judia Mariazinha e o palestino Naim Hamad, meus fraternos companheiros no Diretório Acadêmico “Jackson de Figueiredo” de Santo Ângelo, já concordavam em 1967. Ambos tinham moderação e bom senso.  

     O extremismo só leva para o caminho da tirania. Ela é da sua essência. Havia solução para o conflito entre árabes e judeus. Era dar ouvidos às súplicas dos moderados da OLP de Iasser Arafat e da Autoridade Palestina de de Mahmoud Abbas que não se alimentam de ódio. Nem promovem o terror, tal como o Hamas que governa a faixa de Gaza e lá oprime o povo palestino. Demarquem o território e criem o Estado palestino. Podem ser áreas ocupadas na guerra dos seis dias. É o sonho do povo palestino que só quer um lugar para viver em paz. Mas, quem poderia solucionar o conflito faz ouvidos moucos e aposta na divisão dos palestinos. Assim, enfraquece os moderados e empodera radicais como o Hamas, estado islâmico e irmandade muçulmana. Israel já poderia ter visto que é preciso ceder, mas tem a desdita de ter Benjamin Netanyahu outro extremista no poder. Preferiu desmoralizar os moderados com mais assentamentos em áreas ocupadas ilegalmente e com isso só ajudou os radicais. Se ninguém quis o Estado palestino como solução para a paz definitiva, perderam árabes e judeus. E a humanidade perdeu mais uma luta entre moderados e extremistas.  

     (Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).