Então é Natal

Nesta véspera de Natal, a memória recorda a canção cantada pela Simone: “Então é Natal. E o que você fez? O ano termina e nasce outra vez. Então é Natal, a festa cristã. Do velho e do novo, do amor como um todo. Então bom Natal e um novo também. Que seja feliz quem souber o que é o bem. Então é Natal pro enfermo e pro são. Pro rico e pro pobre, num só coração (…)”.

O ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado”, a quem desejo um Natal feliz e consciente, deve como eu, ter na memória a linda melodia dessa canção que coloquei no título. A consciência que referi no meu desejo, pretende ir além de liturgias, ritos e formalidades de quem dobra joelhos ou não, mas invoca o nome de quem nasceu no 25 de dezembro. Se não desprezo a metafísica kantiana, guardo a fé que tenho de berço onde meu Deus é criador do céu e da terra, sendo origem de todo o bem em grau máximo. Então, acalmo a minha inquietude no imperativo de crer n´Ele e buscar a prática do bem.

De nada adiantam placas perguntando se já lemos a bíblia, dobrar joelhos e bradar Jesus da boca para fora, se vertemos ódio à diversidade e ao que pensa diferente de nós. Não foi isso que o aniversariante do Natal ensinou. O Natal verdadeiramente consciente sabe que Ele viveu entre os simples e humildes. Ali, curou leprosos, fez paralítico andar e cegos enxergar. Perdoou Madalena que hipócritas queriam apedrejar. Deu de comer a quem tinha fome, expulsou os vendilhões do templo e pregou tolerância, amor e respeito ao próximo.

Viver o Natal é seguir esses exemplos que Cristo deu quando aqui esteve. Se voltasse, mandaria às favas o tal “mercado” que faz o dólar subir, tem horror ao pobre e vive da especulação. Exortaria governos que é preciso sim, cuidar dos quem mais precisam, garantindo-lhes um mínimo de dignidade.

Se, no dizer do poeta, somos efêmeros como espumas flutuantes, o Natal nos mostra o sentido desta existência terrena e passageira. “Então é Natal!”

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).