Umuarama

TRIPLO HOMICÍDIO

Em julgamento, juíza acusa cunhado de matar esposa e sogros por herança

29/02/2024 19H21

Jornal Ilustrado - Em julgamento, juíza acusa cunhado de matar esposa e sogros por herança
O julgamento deve se estender pelos próximos dias

Umuarama – O primeiro dia do julgamento de Jean Michel de Souza Barros é marcado por longos depoimentos e perguntas repetitivas por parte da banca de defesa do réu. Ele é acusado de matar a facadas a esposa, a advogada Jaqueline Soares e os sogros, o comerciante Antonio Soares dos Santos e a dona de casa Helena Marra, em 08 de agosto de 2021, quando a família comemorava o Dia dos Pais.

A sessão de julgamento começou às 9 horas desta quinta-feira (29), no Fórum de Umuarama e a previsão é de que se estenda pelos próximos dois ou três dias. Somente a primeira testemunha, irmã e filha das vítimas, a juíza de Direito Eveline dos Santos Marra, foi interrogada pela acusação e principalmente pela defesa por mais de quatro horas.

Em vários momentos, a banca de advogados, com nomes de criminalistas renomados, como Adriano Bretas e Cláudio Dalledone, questionou Eveline em questões técnicas e em minúcias do cotidiano da família. Ao ser questionada sobre uma suposta segunda família, ela negou a existência e esclareceu a situação. “Eu fiquei sozinha. Minha busca foi na esperança de ter um irmão, o que se comprovou não ser verdadeiro”, afirmou.

CRIME POR DINHEIRO?

Durante seu testemunho, a juíza acusou o réu e cunhado de ter matado sua irmã e seus pais para ficar rico. Duas das vítimas, o casal Antonio e Helena, eram empresários prósperos do ramo de tecidos e aviamentos, com estabelecimentos em cidades do Mato Grosso do Sul e do Paraná.

Ainda segundo Eveline, a irmã Jaqueline, seria proprietária de um imóvel no Mato Grosso do Sul avaliado em R$ 1,3 milhão, além da sua parte na herança dos pais. “Não vou citar valores, mas a herança é milionária”, afirmou. Ela também já está movendo uma ação cível para impedir que Jean continue na condição de herdeiro.

HERDEIRO

A defesa reagiu e a testemunha esclareceu que Jean é legítimo herdeiro de Jaqueline, bem como tem direito ao quinhão que seria da esposa na herança dos pais. “Ele é herdeiro legal e o senhor sabe disso. A lei não se prova. O juiz conhece a lei e o senhor também”, afirmou Eveline.

No caso concreto, Jean Michel, sendo marido de Jaqueline é seu herdeiro legal. A morte de Jaqueline transforma automaticamente Jean Michel no herdeiro dos pais dela, Antonio e Helena, juntamente com a cunhada, Eveline Marra. Portanto, se sair do julgamento com o veredito de inocente, Jean Michel terá direito a herança da esposa e dos pais dela.

O Código Civil Brasileiro diz que um herdeiro será considerado indigno, e por consequência excluído da sucessão, se cometer homicídio doloso contra quem deveria herdar.

Após o testemunho da filha e irmã das vítimas, foi feito um recesso e na sequência começou o depoimento de policiais civis que participaram da investigação.

Nesta quinta-feira a expectativa é que os trabalhos se desenvolvam até por volta da meia-noite. A acusação está a cargo do promotor público veterano João Baptista, que atua em seu último juri e do representante do Ministério Público, Marcos Felipe Torres Castello, que confia na condenação do réu. Também atua o assistente de acusação o advogado Rodrigo Moreira Machado dos Santos.

Já a defesa trabalha com a tese de inocência e argumenta que provará que Jean Michel não matou a família.