Dia das Mães
Neste segundo domingo de maio é comemorado o Dia das Mães e o jornal Umuarama Ilustrado resgatou a história de uma mãe de inúmeros filhos: Maria do Carmo da Silva, de 88 anos, ou “Maria da Sopa”. Há 26 anos a umuaramense fundou a Associação Vida e Solidariedade, que leva alimento para crianças em vulnerabilidade social da região do Parque Industrial, em Umuarama.
Maria da Sopa tem seis filhos do casamento e mais quatro adotivos, além de 18 netos e 21 bisnetos. Mas além da família ele tem vários “filhos” que passaram pela associação e estão espalhados por Umuarama. “Comecei em agosto de 1997 essa atividade que mudou minha vida e a de muitas outras pessoas. Tudo começou pela necessidade do bairro que era violento, com crianças passando fome até na escola. Vendo essa dificuldade toda e mesmo sem condições, sabíamos que tínhamos que fazer algo”, disse.
Ela recordA que naquela época, no bairro, sempre havia crianças pedindo nas portas e um dia, uma situação tocou seu coração. “Estava muito frio e chovendo em Umuarama e duas crianças bateram a minha porta. Conversando com elas, descobri que não tinham nada para comer em casa, e isso me cortou o coração. Foi neste dia que começou minha missão de ajudar essas pessoas”
Neste momento Maria do Carmo se transformou em Maria da Sopa e começou a matar a fome das crianças da forma que podia. “Eu tinha 60 anos, estava viúva há um ano e com a pensão do meu marido e a minha aposentadoria começamos a levar comida para as crianças. De repente tinha 50 crianças batendo na minha porta. Tivemos muita dificuldade e desentendimento, pois muitos achavam que aquilo não era certo e que estávamos levando as doações para gente. Foi bastante difícil, mas com o tempo, as pessoas foram entendendo e em 2003 já estávamos com a associação registrada”, lembrou a entrevistada.
Maria contou que hoje, as crianças que bateram em sua porta, naquele dia frio, estão casadas e com suas famílias, como muitas outras que passaram pela associação. “Além dos que criticavam tivemos as pessoas que viram nosso trabalho e entenderam o objetivo, como o padre Carlos Alberto de Figueiredo, que hoje está na paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Ele que me incentivou e ajudou. É um fundador dessa entidade e faz parte da diretoria da associação até hoje”.
Mãe de coração de várias crianças que hoje são adultos do Parque Industrial, Maria do Carmo ressaltou que o trabalho da Associação Vida e Solidariedade mudou o perfil do bairro. “Com a ajuda de muitas pessoas, conseguimos reduzir a violência e principalmente a fome. Naquela época as pessoas tinham medo de vir aqui no Industrial e arrumar serviço para quem era do Industrial era quase impossível. Pessoas de caráter tiveram dificuldade de conseguir crescer na vida, pois moravam aqui. Mas com a associação conseguimos mostrar para a comunidade local que a vida pode ser melhor. Essa foi minha missão que Deus colocou para mim e trabalhar para o próximo me deixa com saúde e lucidez”, enfatizou.
Mesmo com a idade avançada Maria da Sopa apresenta um vigor e lucidez de ideias invejáveis. De conversa serena, no alto da sua sabedoria de uma pessoa de 88 anos ela pede para que as pessoas tenham mais amor ao próximo. “As pessoas que podem precisam se doam mais para os necessitados. As vezes pensamos que fazemos para eles, mas, na verdade, estamos fazendo para nós mesmos. Ajudar o próximo me deixa com alegria no coração, isso estimula a mente e nos traz energia. Sou exemplo disso, para uma pessoa com quase 90 anos acho que estou muito bem (risos). Faça o bem e ame as pessoas, sem distinção isso é muito valioso. O amor é a solução para os problemas desse mundo” finalizou.