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Páscoa

Domingo de Páscoa é momento de se encher da essência de Deus

07/04/2023 20H12

|IMAGEM|“Humildade é ser real na existência. É investir o melhor de si em tudo, não importa como é nossa família, não importa a política como for ou o emprego. Aqui é o momento” Dom João Mamede

Umuarama – Católicos passaram por quarenta dias de reflexão e abdicações rumo ao aprimoramento dos sentidos. Durante este período, os religiosos também cruzaram pelo início do outono, tempo da queda das folhas. A lua cheia, que por um tempo deixou sua cor prata para ficar vermelha como sangue. Tudo isso para, hoje, no domingo de Páscoa, reconhecer a essência do Jesus ressuscitado.
Na casa paroquial diocesana, em uma sala com uma mesa e cadeiras de madeira comuns, o bispo Dom João Mamede recebeu a reportagem do jornal Umuarama Ilustrado. Poético e ao mesmo tempo com ensinamentos práticos, o religioso falou da Páscoa. Para isso, retomou ao início da Quaresma, que segundo ele, proporciona exercícios muito mais reais do que místicos aos seres humanos.
Conforme Dom João, antes, o tempo de quarenta dias que precede a Semana Santa era voltado para pessoas que se convertiam à pregação dos Apóstolos. Após os convertidos passarem pela catequese, vinha o momento da concentração e preparação, para na noite de Páscoa receber o batismo e assim realizarem a passagem e serem aceitos na comunidade. “Mas percebemos (Igreja) que todos nós possuíamos espaços que necessitavam de conversão, então a Quaresma foi instituída para todos. Nesse momento podemos outra vez passar pelos conhecimentos e reassumimos nossa fé”, explicou.
Esse e outros atos litúrgicos servem como processo para os religiosos receberem os ensinamentos de Cristo. Por ser um processo evolutivo, a ideia é que em cada momento as pessoas consigam clarear e assimilar os princípios cristãos, explicou Mamede. “A liturgia é um exercício para as pessoas fazerem essa passagem e viverem além do material, enxergar além das coisas, como simples coisas”, disse.
Para isso existem alguns exercícios a fim de desafiar os católicos à, conforme as palavras do Bispo, colidir com a essência de Deus na celebração do Domingo de Páscoa. “A pessoa precisa aguçar seus censores adormecidos para sentir Deus. Por isso somos convocados à oração, ao jejum e a esmola”, contou.
Segundo o líder religioso, a oração é o momento para se expor a Deus para ele conduzir seus atos. Já o jejum serve para acalmar os instintos materiais e deixar aflorar os censores da alma. “Jejum é comer menos, gastar menos com bens materiais, com divertimento e outros prazeres do mundo. Logo, economizamos para ajudar a quem precisa. Dessa forma reativamos nossos sensores adormecidos para na vigília pascal, darmos uma colisão com o ressuscitado”, ressaltou.
Utilizando das figuras de linguagem, como um bom escritor, Dom João tenta, com experiências próprias, simplificar a necessidade de minimizar os impulsos corpóreos ligados ao primitivo para, posteriormente, acender a essência da alma, como forma de elevação humana. “O exercício da Quaresma é meditação profunda rumo ao conhecimento da alma. É se desprender da matéria, do produto, do dinheiro. Uma pessoa com fé, desapegada, tem é um alargamento do coração. Quem não tem fé, o coração é estreito e vê as coisas, só como coisas”, exclamou.

Humildade e amor
Em resumo, o bispo enfatizou que tudo, do início da Quaresma ao Domingo de Páscoa, é uma provocação para as pessoas ficarem cordiais com tudo. Nem exacerbado, nem cheio de ansiedade. Muito menos desanimado ou com preguiça, no ponto para viver com criatividade. “Ó Deus! Que para nos dar exemplo de humildade, quiseste que seu filho nascesse homem e morresse na cruz. Daí aprender com seu exemplo e participar da sua gloria de ressuscitado”, disse o Mamede.
De acordo com ele, no geral estamos pairando no ar dizendo essa realidade não me merece. Mas se fosse outra, aí sim daríamos tudo de nós. “A poetisa mineira, Adélia Prado fala: Quando Deus me tira a poesia, pedra fica só pedra. Sem a poesia fica a indiferença”. “Não estamos aqui bobinhos. Sabemos e temos experiências que com Cristo o mundo aparece muito mais gostoso, mais interessante, com mais fraternidade”, finalizou.