Eliseu Auth
Pense comigo, você que me lê. E entenda a minha preocupação com os que pregam o fechamento do Congresso e do Supremo. Volta e meia essa gente se enrola na bandeira nacional, se aglomera e grita contra as instituições. Agora já agridem enfermeiros, chutam jornalistas e xingam quem não pensa como eles. Entoam “A Pátria acima de tudo” e “Deus acima de todos”. Ora, o Deus que aprendi no catecismo tudo criou e está acima de tudo e não só de todos. Fazem o mesmo erro de Hitler no bordão “Deutsland über alles”.
Vou ao ponto: Eles tem ódio à democracia que é o antídoto de ditadura, seja ela de esquerda ou de direita. Se é isso que querem, vamos meditar sobre o que é uma ditadura e como agem os ditadores. Vou a exemplos. A história está minada deles. Lembro o insano Nero e o doido Calígula na Roma antiga. Mais para cá, Hitler, Stalin, Mussolini, Idi Amin, Saddan Houssein, Pinochet, Mão-Tse-Tung, Rafael Trujillo, Daniel Ortega são nomes que vêm à mente.
Como agia essa gente? Não seguiam leis que asseguram a dignidade dos cidadãos e indicam o que se pode e o que não se deve fazer. Eles eram a lei. Agiam ao seu bel´prazer. De Calígula, conta-se que, passeando no jardim, arrancou a espada e decepou a cabeça de um escravo que cuidava das plantas, só porque olhou com espanto para o seu nariz grande e adunco. Também botou seu cavalo “Incitatus” como senador. Muitos tinham haréns e pinçavam moças virgens que pobres famílias eram obrigadas a entregar para sua orgia.
De Hitler, canalha que causou a segunda guerra mundial, nem preciso contar. Criador dos campos de concentração, matou milhões só porque eram judeus, ciganos ou homossexuais, trucidando adversários e não amoldados à “raça ariana”. Stalin e Lênin, também foram sanguinários da mesma iguala que perseguiam e matavam quem ao menos ousasse dissentir de suas idéias.
Concluo. Basta de ditaduras e de déspotas. Só quem tem ganas de ditador ou não conhece a diferença entre governos de leis e governos de ditadores, vai às ruas gritar contra o judiciário e o legislativo. E, saibam que numa ditadura nem às ruas essa gente sairia. Não ousem enrolar-se na bandeira nacional que esta não lhes pertence. Ela é o símbolo maior de um país democrático. Se voltarem, antes, devolvam a nossa bandeira.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).