Devaneios

Eliseu Auth

Não tenho pretensão de escriba, termo que já li na coluna do Aragão. Pode até que me agrada imitar a mania de Sócrates em trocar idéias pela rua. Fico no dia a dia, enquanto os mais letrados se esbaldam nos mais diversos gêneros literários. Bem que eu gostaria de ser épico, dramático, romântico, lírico e até cômico quando os fatos assim o reclamassem. Mas, não sou nada além de um trocador de idéias, experiências e convicções que recolhi vida afora. Ponho-as para fora e as reparto com o ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado”, na busca de uma visão sadia do mundo e das coisas que acontecem ao redor.

Os alemães chamam esse olhar de “Weltanschaung”, apreciação do mundo que nem sempre tem lógica, bom senso e princípios que satisfaçam nossa angústia que só quer repousar na verdade e no bem. Se me indagarem sobre o quê é a verdade e o bem, digo que diz respeito à dignidade do ser humano, do planeta que habita e dos anseios que tem. Nisso está a liberdade que só a lei garante e a igualdade, sem distinção de cor, raça, opção sexual ou religião.

Aprendi que política vem do grego e é a arte de dirigir a “pólis” (cidade-Estado) em grego. Nela há que ter governo para organizá-la e propor ações e políticas pelo bem dos cidadãos. Se não somos anarquia, aqui também precisamos disso. Demonizar os políticos que precisam cuidar de nós não é correto. O caminho é que votemos nos dignos, decentes, idealistas e eficientes.

Pois é. Precisamos dos políticos como no caso da Câmara que aprovou a esperada “Reforma Tributária”. Sigo os entendidos que dizem ser importante para simplificar a barafunda de tributos e desonerar a cesta básica. Então, tá certo. Mas, acho que nenhum deputado deveria exigir vantagem, emenda ou coisa parecida para aprovar algo que interessa à Nação. Por enquanto, isso fica lá no mundo das idéias de Platão. Então, vamos ter que nos contentar com o possível. E devanear que um dia cheguemos ao mundo ideal.

Em terno enleio registro a aposentadoria do juiz do Trabalho Irã Alves dos Santos. Quando soube que estava se despedindo, corri lá, ainda que todo desarrumado, e fui agradecer-lhe pelo juiz operário e grande ser humano que sempre foi. Ganhei o dia por rever pessoas queridas e da minha história. Advogados, funcionários e autoridades. Entre eles os oradores Sérgio Toledo Barros, decano dos advogados, Cristian Pellacani, Gabriel Janeiro e Antônio Cazarin que contaram histórias deliciosas a respeito desse bom magistrado.

São meus devaneios.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).