Eliseu Auth
Antes de mais nada, parabéns a todos os eleitos no domingo. Se foi ou não do nosso agrado pouco importa. Que cumpram a missão de governar, à luz do imaginário do escritor Rubem Alves. Ele começa seu livro “Conversas sobre Política”, dizendo que “de todas as vocações, a política é a mais nobre”. Não chego a tanto. Um governante idealista e vocacionado para cuidar do bem estar de todos é sempre muito nobre. Tenho dúvidas quanto ao superlativo absoluto que ele usa para distingui-la de outras profissões e vocações. Todas, quando exercidas com dignidade, têm marcada nobreza. Seria menos nobre ensinar e educar nossos filhos como faz o professor? Ou salvar vidas como faz o médico? Plantar e colher para produzir alimento como faz o agricultor? Qual delas é a mais nobre? Fico então, no superlativo relativo que qualifica todas as profissões exercidas como sacerdócio, sob o conceito linear da nobreza.
Entendi que Rubem Alves quis exaltar a atividade política que muitos demonizam. Precisamos dela que tem o fim de cuidar do bem estar de todos os cidadãos. Ele sabe que alguém precisa governar e quis aplaudir a decência na política. Também quis advertir os que a demonizam porque ela é a arte de governar nossa cidade, nosso estado e nosso país. Sem ela tudo seria um caos. O ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado” também sabe que de nada adianta desancar política e orgulhar-se de não votar em ninguém. Todos conhecemos esse tipo de personagem que mete a boca em tudo e todos. É um cético que deve ter suas razões, mas desconhece que alguém vai governar, quer queira ou não. Seu papel de cidadão deveria ser o de botar no poder o que entende melhor ou menos ruim no seu conceito. Como “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, é preciso repetir-lhe que ruim não é a política em si, mas o mau político e a má política. Que estes precisam ser mudados e quem pode fazer isso é o voto, coisa que só a Democracia proporciona e garante.
A nobreza do voto está em podermos escolher o governo e a sociedade que queremos para nós e nossos filhos. Tirania nenhuma deixa o povo votar. Eleições livres como as nossas garantem a vontade da maioria e é preciso respeitá-la. Mais do que isso: como cidadãos responsáveis, importa fazer a nossa parte e torcer que os eleitos façam um bom governo, depois da eleição.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).