POLICIA CIVIL
O servidor mais antigo da Polícia Civil do Paraná (PCPR) completou 50 anos de carreira em atividade na quarta-feira (18). O delegado Osnildo Carneiro Lemes, 73, iniciou como comissário de polícia* em 18 de novembro de 1970, quando o cargo ainda existia no quadro próprio e o telégrafo era o único meio de comunicação institucional.
Com satisfação de fazer parte do time, o atual delegado-chefe da 7ª Subdivisão da PCPR em Umuarama conta como era trabalhar na década de 70. “A comunicação acontecia por um sargento radiotelegrafista da Polícia Militar, que era designado em cada subdivisão para fazer a troca dos telegramas. Isso seria o nosso E-protocolo da época”, compara.
O formato de ingresso também era diferente. Lemes iniciou na Escola de Polícia em 1970, após ser aprovado em prova escrita e oral. Na época, era necessário estar cursando graduação em Direito. Após a conclusão da academia, o candidato passava por um exame final que o aprovava ou não para o cargo.
O comissário de polícia desempenhava as mesmas funções de delegado. A diferença entre os cargos era que o comissário não poderia ser titular de delegacias especializadas. “Era um cargo direcionado aos acadêmicos de Direito. Eu comecei na Divisão Policial do Interior e simultaneamente fazia plantões na Travessa da Lapa, em Curitiba. Podíamos exercer a função de delegado distrital e de plantão. Depois também atuei como delegado distrital e adjunto no interior”, diz.
Três anos depois, já formado em Direito, Lemes prestou concurso para delegado de polícia e foi aprovado. Em 1974 ele iniciou no novo cargo, sendo designado para atuar no 4° distrito da Subdivisão da PCPR em Londrina.
Durante a carreira policial, Lemes passou por unidades da Capital e de nove cidades do interior: Paranavaí, Cascavel (três vezes), Londrina (duas vezes), Maringá (duas vezes), Guarapuava, Cornélio Procópio (duas vezes), Ivaiporã, Arapongas e Umuarama.
Diversas histórias fazem parte do portefólio do único delegado cinquentão da PCPR. Mas, a que mais é recordada por ele se refere à investigação do roubo de R$ 43 milhões de um carro de transporte de valores, em Marilena, região Noroeste do Estado, em 1979.
“A primeira pista que tínhamos era de um número de telefone, que seria ligado ao chefe do bando. Para chegarmos ao endereço daquele telefone eu tive que percorrer a lista telefônica inteira e ali acabamos descobrindo que se tratava de um pensionato em Maringá”, recorda o delegado. Foi a partir dessa pista, que nove dos 12 suspeitos do segundo maior roubo à carro-forte do país, na época, foram presos no Litoral e Interior do estado de São Paulo.
Para Lemes, as atividades de polícia judiciária continuam as mesmas. Mas, o modo de execução mudou. “As ferramentas que nós temos hoje são incríveis. Antigamente não tínhamos interceptação telefônica, de dados ou câmeras de vigilância. Nós éramos mais dependentes da prova testemunhal”, explica.
Ao avaliar os serviços prestado pela PCPR ao longo da história, o delegado afirma que o avanço é notório para todos. “Nos últimos dois anos tivemos os maiores avanços da instituição. Nunca, em tão pouco tempo, avançamos tanto. Eu sou testemunha viva disso. Seguindo o planejamento estratégico do departamento, fechamos cadeia, transferimos presos para o departamento penitenciário e alcançamos alto índice de solução de homicídios em Umuarama”, afirma.
Lemes é natural de São Mateus do Sul, região Sudeste do Estado. Ainda jovem ele se mudou para Curitiba, onde estudou no Colégio Estadual do Paraná. Há 36 anos, o delegado cinquentão da PCPR pratica automobilismo. Ele conquistou o título de campeão paranaense de automobilismo na categoria Speed Fusca em 1985 e 1997.
*O cargo de comissário de polícia foi extinto com a Lei Complementar nº 14, de 26 de maio de 1982.