Paraná

EM GUAÍRA

Delegado da Polícia Federal é investigado por agredir professor do filho em escola

06/07/2023 16H00

Jornal Ilustrado - Delegado da Polícia Federal é investigado por agredir professor do filho em escola

A Polícia Federal abriu um procedimento disciplinar para investigar a ação de um delegado federal acusado de intimidar com uma arma e de agredir o professor Gabriel Barbosa Rossi, no Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo, que é particular, em Guaíra.

O incidente ocorreu na sexta-feira (3), na saída das aulas, após desentendimento entre o delegado e o professor, que leciona a disciplina de história para o filho de 13 anos do policial. A agressão teria ocorrido na frente de várias testemunhas, inclusive crianças.

O professor registrou um boletim de ocorrência na delegacia da Polícia Civil de Guaíra na terça-feira (4). Segundo a mãe do professor, Maria Helena Barbosa, que conversou com o jornal Umuarama Ilustrado, o filho ficou com marcas da agressão no pescoço. Ela enviou uma foto que seria do professor com sinais vermelhos no pescoço.

MINISTRO

O caso repercutiu e o ministro da Justiça, Flávio Dino, se pronunciou no Twitter, informando que o registro formal já havia sido feito e que as investigações administrativas sobre a ocorrência serão conduzidas pela Polícia Federal. “Sobre a denúncia veiculada pelo Professor Gabriel Barbosa Rossi, no Paraná, informo que já houve o registro formal e as apurações administrativas serão procedidas na Polícia Federal, visando ao esclarecimento dos fatos e cumprimento da lei”, tuitou o ministro.

Ao Umuarama Ilustrado Maria Helena Barbosa, expressou sua indignação com o ocorrido e questionou como alguém poderia ter o direito de chegar armado em frente a uma escola, agredir um professor e sair impune. Ela ressaltou a importância de proteger os educadores e repudiou a violência, revelando que a família está abalada com toda a situação.

“Meu filho é professor. Para muita gente ele é ” só” professor. Para mim ele é meu mundo. Eu não estava por perto para protegê-lo, não vi acontecer, mas me pergunto: o que dá o direito a um ser qualquer de chegar armado em frente de uma escola, sacar a arma, agredir um professor e sair caminhando como se não tivesse feito nada de errado? Que país é esse?”, desabafou a mulher.

Maria conta que está sem dormir direito desde o dia do ocorrido. Relatou que problemas de saúde se agravaram, pois a preocupação com a segurança do filho tem sido constante. A mulher narra que o filho é casado e sempre acompanha a esposa para Cascavel, onde faz tratamento contra um câncer. Segundo ela, o filho registrou um boletim de ocorrência na delegacia da Polícia Civil do Paraná (PCPR) em Guaíra na terça-feira (4).

COLÉGIO

O Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo emitiu uma nota lamentando o episódio de violência e repudiando qualquer forma de agressão. A escola ressaltou seu compromisso com a educação e os valores da paz, do diálogo e do respeito. Também expressaram apoio ao professor agredido e pediram que as famílias ressignifiquem o diálogo com seus filhos.

“Lamentamos profundamente o episódio violento ocorrido na sexta-feira (30), contra um de nossos professores, em frente ao colégio. Tal agressão é inadmissível, acima de tudo, em uma instituição de ensino, a quem cabe o mais importante dever social, que é o de educar as crianças e os jovens, preparando-os para o exercício da cidadania. Desta forma, expressamos nosso total repúdio a todo o tipo de manifestação de violência, e todas as formas de agressão, intolerância e ódio. E conclamamos as famílias a ressignificar a arte do diálogo com seus filhos, nossos alunos e com os professores destes. Sempre há novos caminhos a descobrir, para um jeito franciscano de educar para o desenvolvimento do ser humano: mais humano”, enfatizou a instituição de ensino.

APP

O Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná (APP) também se manifestou nas redes sociais, repudiando o ato de violência e destacando a importância de proteger os educadores contra qualquer forma de agressão. A entidade enfatizou que o ambiente escolar necessita de proteção diante de manifestações de intolerância e discursos de ódio.

“É inaceitável que educadores(as) sejam alvo de humilhações, ameaças, intimidações, agressões e qualquer outra forma de violência. O ambiente escolar precisa de proteção a toda essa intolerância instrumentalizada pelo negacionismo e por discursos de ódio. Neste sentido, a APP repudia com veemência este episódio de extrema gravidade, ainda mais porque foi praticado por um agente público que deveria atuar justamente na garantia da segurança da população, ao invés de protagonizar cenas de violência contra um professor no exercício da sua atividade profissional”, disse a nota.

O Umuarama Ilustrado também tentou contato com o delegado acusado da agressão, mas até o fechamento desta edição não houve retorno. O espaço fica aberto para esclarecimentos.