Eliseu Auth
Na peste negra que assolou a Europa no século 14, por crendice, perseguiram e mataram os gatos a quem atribuíam o mal. Pronto: Ratos se multiplicaram e infestaram a Europa. Estavam por toda parte, carregando a bactéria “Yersinia pestis”. Pulgas picavam esses bichos que a passavam adiante, chegando aos ratos europeus. E, eram eles os principais responsáveis pela disseminação da peste que matou mais de trezentos milhões de pessoas.
Crendices acompanharam e acompanham tragédias e pandemias. Umas por inocência e outras por interesses ou esperteza. Aqui, pasmem, um pastor apresentou o “feijão que cura” a covid-19. Felizmente, o Ministério Público está investigando o possível estelionato. Outros que se dizem “representantes de Deus” na terra, espalham que só Deus cura o mal. Não duvido do Criador, mas temos que seguir a ciência médica e fazer a nossa parte.
Nos anos 1980 apareceu a Aids nos Estados Unidos. Ronald Reagan, republicano de base eleitoral conservadora, subestimou-a e a atribuiu a um “castigo aos homossexuais”. E a aids se alastrou. Agora que o “coronavírus” chegou lá, “Donald Trump”, do mesmo partido, debochou que era gripe e apresentou a “cloroquina” como solução. A peste se alastrou e Trump já não fala na droga. Aqui, Bolsonaro homenageia seu ídolo e insiste na cloroquina ainda não aprovada. A ciência diz que ela apresentou melhoras em alguns testes e n´outros não. E que pode causar distúrbios de visão, cefaléia, fadiga, alterações cardiovasculares e neurológicas, comichão e queda de cabelo.
E agora? Bom, agora virão as consequências. Trump, o chefe do norte, está desesperado pela vacina que diz estar prestes a vir. Torço que venha, ainda que se beneficie eleitoralmente. Se vier sem lhe dar benefícios, melhor. O mundo vai ganhar. Joe Biden pode destronar o xenófobo falastrão que debochou da covid-19 e debocha do aquecimento do planeta. Aqui, Bolsonaro que também debocha da ciência e da questão climática, está no mesmo imbróglio. Não precisamos de falsos líderes e nem de crendices nas tragédias.
(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).