EM ALTA
A notícia não poderia ser pior para os rivais do Flamengo: é muito provável que os títulos da Copa Libertadores e do Brasileirão sejam apenas os primeiros de uma série de conquistas do clube. Com dinheiro suficiente para melhorar um elenco que já é muito bom, o novo campeão nacional tem tudo a seu favor para estabelecer uma hegemonia no futebol do País.
Nesta temporada, o Flamengo investiu bastante em jogadores de alta categoria: Rafinha, Pablo Marí, Filipe Luís, Gerson, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel chegaram ao longo de 2019 para fazer da equipe rubro-negra a melhor do Brasil. E, apenas um deles, o artilheiro do Brasileirão, foi adquirido por empréstimo. Todos os demais têm vínculos longos com o clube.
É claro que a situação de Gabigol preocupa, mas o Flamengo tem dois motivos para estar otimista: primeiro, os dirigentes afirmam já ter o dinheiro necessário para comprar os direitos econômicos do jogador, bastando agora convencê-lo de que é melhor ficar na Gávea do que tentar uma nova aventura europeia; segundo, os cofres rubro-negros estão suficientemente cheios para contratar um substituto à altura do atacante revelado pelo Santos, caso ele vá embora.
A fase de fartura do Flamengo é resultado de um trabalho iniciado em 2013, quando Eduardo Bandeira de Mello assumiu a presidência rubro-negra. Ele e seus companheiros de diretoria dedicaram-se à tarefa árdua de sanear as finanças do clube, até então uma completa bagunça. Não foi por acaso que o dirigente assumiu o cargo pedindo paciência à torcida, pois ele sabia que seria difícil ganhar grandes títulos durante o processo de reestruturação. E foi mesmo, tanto que o Flamengo faturou apenas um, o da Copa do Brasil de 2013.
Bandeira de Mello tinha um certo ar folclórico – ele entrou para o anedotário do futebol brasileiro quando disse que já sentia o “cheirinho” do título brasileiro de 2016, conquistado pelo Palmeiras -, mas seu trabalho foi eficiente. Tanto que o Flamengo tem hoje uma dívida total que, embora seja alta (na casa dos R$ 450 milhões), está sob controle, com uma ajuda e tanto do Profut. Os especialistas em finanças do futebol consideram que a situação do Flamengo é saudável, coisa rara no Brasil.
Eleito para suceder Bandeira de Mello no fim do ano passado, Rodolfo Landim assumiu o clube com R$ 100 milhões para gastar em jogadores, e gastou até mais do que isso. Graças à sua saúde financeira, o Flamengo pôde se dar ao luxo de pagar R$ 80 milhões por Arrascaeta, R$ 50 milhões por Gerson e R$ 23 milhões por Bruno Henrique, além de outras contratações menos dispendiosas.
Agora que a pressão pela conquista de um grande título se foi, os rubro-negros esfregam as mãos. Já há quem fale na possibilidade da contratação do ótimo (e caríssimo) atacante uruguaio Edinson Cavani, astro que está a ponto de deixar o Paris Saint-Germain. Pode ser apenas um devaneio de uma torcida em êxtase, mas é certo que o Flamengo se sente em condições de atrair grandes jogadores, seja brasileiros ou estrangeiros.
A menos que ocorra um desastre, em 2020, assim como em 2019, aquela famosa frase disparada por Vampeta em um tempo de vacas magras do clube (“O Flamengo finge que paga e a gente finge que joga”) será apenas uma distante lembrança, quase uma anedota. Hoje em dia, o clube paga de verdade. E os craques jogam de verdade.