Cícero e Zema

Romeu Zema, novo governador de Minas, em palanque prometeu austeridade no trato da coisa pública. Aí, não foi à posse de Bolsonaro porque não encontrou passagem em avião comercial e não quis usar o avião do governo para se deslocar até Brasília. Avaliou que seria gasto fora da austeridade prometida. Isso que fez deveria ser o normal. Mas gostei do gesto.
Parece coisa pequena, mas não é. Quem não respeita as pequenas também não respeita as grandes. Pego o exemplo do Zema porque chamou a atenção. Como não tinha avião de linha, não quis fretar um avião do governo que tinha à disposição. Ora, sempre teria que ser assim e não porque prometeu ser austero. Aliás, nem deveria gastar dinheiro público com avião de linha. É isso que quero refletir com o ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado”.
Cícero, senador romano que lutou por austeridade no trato da “res publica” na Roma antiga, diria assim: “Rebus sic stantibus”, perdulare nunquam”. Acho que perdular, gastar à toa, é assim no latim. Cícero que conhecia a situação do Império romano exigia austeridade. Assim estando as coisas, dizia, há que fazer economia. Estou com Cícero e com Zema. E gostaria que todos estivessem. Só que não é assim. Ninguém é bobo de pensar que muitos não foram à posse do novo Presidente em aviões, passagens, diárias, hospedagem e refeições pagos com dinheiro público. Para quê? Ir lá e ser mais um entre milhares, melhora a República?
Pois é. Para mim, ir à a posse do novo Presidente às custas do dinheiro público, mesmo que em avião de linha, é supérfluo. Ir ou não ir não muda nada. Os sentimentos e desejos de todos precisam convergir para que se faça um bom governo que isso é bom para os brasileiros. Para quem votou nele e para quem não votou. Para direita e esquerda que não passam de visões de governo. Vivemos uma realidade dura e de vacas magras. Não só o presidente como os que vão governar os Estados. Que só gastem o necessário e que lembrem da admoestação de Cícero e do exemplo do Zema. Na verdade, são mensagens de Cícero e Zema.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).