Cotidiano

INTERDIÇÃO

Casa de repouso para idosos é interditada após constatação de ‘maus-tratos’ em Umuarama

02/06/2023 08H43

Jornal Ilustrado - Casa de repouso para idosos é interditada após constatação de ‘maus-tratos’ em Umuarama
Alguns idosos apresentavam sinais e sintomas de escabiose, uma doença de pele, e não estavam recebendo tratamento médico.

Uma casa de repouso para idosos localizada na rua Amambai, em Umuarama, no noroeste do Paraná, foi interditada na manhã de quarta-feira (31) após uma auditoria realizada pela Vigilância em Saúde, Conselhos da Assistência Social e do Idoso e Ministério Público (MP). A auditoria revelou diversas irregularidades, incluindo casos de maus-tratos aos idosos.

Segundo a diretora de Vigilância em Saúde, Sandra dos Santos Pinheiro, a auditoria foi realizada em resposta a inúmeras denúncias recebidas pelo Ministério Público e pelas instituições responsáveis pela fiscalização e acompanhamento dos idosos na região.

CAPACIDADE

Conforme a diretora, durante a inspeção, foram encontradas várias irregularidades preocupantes. Em primeiro lugar, constatou-se que o número de idosos na casa de repouso excedia a capacidade permitida. Enquanto o limite estabelecido era de 63 idosos, havia 74 residentes, ou seja, 11 a mais do que o permitido.

Ainda segundo a servidora pública, as condições estruturais e de higiene do local eram precárias. Os dormitórios apresentavam falta de higiene, mau cheiro e objetos jogados. Urina no chão e medicações destampadas também foram observadas, consta no relatório. A falta de acessibilidade nos banheiros e a inoperância de um dos chuveiros principais foram outros problemas identificados.

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Também foi constatado a alta de acessibilidade nos banheiros, além da inoperância de um dos chuveiros principais.

ALIMENTAÇÃO

De acordo com o relatório, as condições de alimentação também foram consideradas inadequadas. Durante a visita, os fiscais constataram que o refeitório não possuía abrigo adequado para dias de chuva ou frio.

Na data da inspeção, a temperatura era de 16 graus Celsius e alguns idosos estavam sentados no local sem roupas adequadas ou cobertores. “Além disso, a primeira refeição do dia era servida tardiamente, por volta das 10h30, e os idosos ainda estavam sem comer durante a auditoria, que ocorreu perto das 11h. Muitos residentes relataram aos profissionais que a comida era ruim e insuficiente, além de não haver um cardápio estabelecido nem individualizado”, segundo Sandra Pinheiro.

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Segundo o relatório, as condições de alimentação também foram consideradas inadequadas.

FALTA DE CUIDADOS

Outro aspecto preocupante foi a falta de cuidados médicos adequados, segundo o relatório. “Alguns idosos apresentavam sinais e sintomas de escabiose, uma doença de pele, e não estavam recebendo tratamento médico. Além disso, não havia uma classificação do grau de complexidade dos pacientes nem contratos assinados por todos os idosos que estavam no local”, consta no relatório.

Conforme a Vigilância em Saúde, a equipe de recursos humanos também era insuficiente para atender à demanda dos residentes. Durante o período noturno, havia apenas três técnicos de enfermagem e quatro cuidadores de idosos presentes, o que evidencia uma falta de pessoal para prestar assistência adequada aos idosos.

A lavanderia também apresentava recursos insuficientes para lavagem de roupas, roupas de cama, panos de chão, toalhas e panos de cozinha, além de não realizar a separação adequada desses itens durante a lavagem, segundo a fiscalização.

SEM HIGIENE

A equipe da VS e do MP verificaram ainda a falta de lençóis e cobertores, e que muitos lençóis estavam rasgados e em estado avançado de uso. Alguns pacientes ficavam deitados em camas sem lençol e sem nenhuma proteção hemipermeável. Durante a inspeção, uma paciente foi observada deitada sem calças nem roupas íntimas, segundo o relatório da equipe.

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Sandra Pinheiro relatou que a inspeção também apontou que a higiene dos pacientes era inadequada, com relatos de que alguns não recebiam banho e ficavam com fraldas sujas por longos períodos. “Foi possível observar pacientes imersos na urina e fazendo uso de fraldas reaproveitadas. Além disso, alguns pacientes apresentavam curativos sujos e úmidos, e uma paciente ainda estava com um curativo em membros inferiores, proveniente de uma instituição hospitalar, mesmo após ter recebido alta há aproximadamente cinco dias”, consta no relatório.

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Foi possível observar pacientes imersos na urina e fazendo uso de fraldas reaproveitadas.

A armazenagem de medicamentos também era problemática, com a falta de identificação adequada e locais inadequados de armazenamento, segundo o documento fiscalizatório.

“Medicamentos como anticonvulsivantes e sedativos foram encontrados em vários locais da casa, dentro de armários, potes desprotegidos e sem supervisão. Além disso, soros abertos sem identificação foram encontrados dentro de uma caixa molhada, juntamente com abocaths, sondas vesicais e enterais. Insulinas, lancetas e pomadas já utilizadas estavam armazenadas sem identificação dentro de um frigobar”, consta.

A contenção mecânica dos pacientes também estava sendo realizada de forma inadequada, e uma paciente foi observada com contenção nos membros superiores, causando dificuldade no retorno venoso, segundo o relatório da Vigilância em Saúde.

Não havia rotina de verificação de sinais vitais, e foi constatado que a última aferição havia sido feita há mais de doze horas, sem anotações sobre possíveis interferências medicamentosas ou acompanhamento médico. Não existia nenhum tipo de anotação para controle dos pacientes, cuidados prestados ou medicações administradas, aponta o documento.

Outra violação encontrada foi o descarte incorreto de material perfurocortante, com o uso de descarpacks sem identificação e excedendo sua capacidade máxima, explicou Sandra Pinheiro.

REITEGRAÇÃO DOS IDOSOS

Diante de todas essas irregularidades, foi determinada a reintegração dos idosos às suas famílias ou o encaminhamento para outra instituição que ofereça um atendimento adequado. O prazo estabelecido para essa reintegração é de cinco dias corridos, e o Ministério Público informou que tomará medidas legais caso a determinação não seja cumprida.

CASA DE REPOUSO

O Jornal Umuarama Ilustrado entrou em contato pessoalmente e também por aplicativo de mensagens com um representante da empresa, mas até o fechamento da matéria às 19 horas, não houve retornou ou apresentação de nota a imprensa. O espaço está aberto para manifestação.