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Camisa 10 do Tigrão relembra dos tempos memoráveis e fala da sua trajetória

27/06/2022 15H22

Jornal Ilustrado - Camisa 10 do Tigrão relembra dos tempos memoráveis e fala da sua trajetória

Alguns jovens não sabem, mas o Estádio Municipal Lúcio Pipino foi palco de grandes partidas de futebol, que envolveram times da elite paranaense, nacional e até internacional. Para contar a história do Umuarama Futebol Clube, mais conhecido como Tigrão, convocamos o camisa 10 da equipe, o meia Pedro Oliveira da Silva, o Pedrinho.

Hoje com 71 anos, Pedrinho foi um dos craques do Tigrão e atuou na equipe de 1975 a 1980, quando o Umuarama Futebol Clube disputava a primeira divisão do Campeonato Paranaense de Futebol. Foram anos memoráveis, quando partidas inesquecíveis lotavam o Estádio Municipal Lúcio Pipino, o Gigante da Baixada. Neste período os torcedores fanáticos de Umuarama vivenciaram anos de glória do futebol da Capital da Amizade. A equipe ainda atuou até 1990.

Com uma memória afiada, Pedrinho recordou sua chegada em Umuarama. O meia lembra que após passar pelo futebol profissional de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Santa Catariana ao aterrizar na Capital da Amizade o camisa 10 teve uma impacto, pois sempre atuou nas capitais e aqui ‘ainda era um matão só’, como disse o jogador.

Mas com o ambiente acolhedor e a boa qualidade da equipe, o jogador permaneceu e reside até hoje em Umuarama. “Com o Tigrão eu ganhei o título de melhor armador do Campeonato Paranaense e foi o título que ficou. Era um time gostoso de jogar fiz muitas amizades e acabei enraizando aqui. Foi um privilégio ter feito parte daquele grupo, dessa equipe que deu muitas glórias para os torcedores do Umuarama”, disse.

Transação e jogos

Pedrinho lembra que estava jogando no Joinville, quando Arlindo Libero da Silva (in memoriam), o Arlindão, saiu de Umuarama e foi para Santa Catariana convidar ele para jogar na Capital da Amizade. “Arlindão foi considerado um dos maiores produtores de algodão do Paraná, ele quem montou o time. Falava tudo errado, mas era muito inteligente e do jeito dele, usando dos seus potenciais, conquistou abertura com a Federação Paranaense de Futebol”, lembrou o ex-jogador.

Já em Umuarama, Pedrinho desembarcou junto com os também jogadores Chicão, Jota Alves e Wilsinho. O ano era 1975, neste mesmo ano o Tigrão venceu o Atlético Paranaense por 2 a 0 no Gigante da Baixada pela 1ª divisão do Campeonato Paranaense. A equipe era formada por Leonel, Olacir, Virgílio, Jota Alves, Pedrinho, Chicão, Nenê eu Índio, Turcão, Vaquinha e Afonso, com técnico no começa o Braguinha (Argentino) depois Valeriano.

“Classificamos Umuarama para primeira divisão e não caímos mais, mas chegou uma fase ruim em 1979 de pagamentos atrasados e resolvi fazer um acerto com o Umuarama e tentar ganhar um dinheiro ainda com o futebol, quando fui para o Apucarana”, disse o entrevistado.

Lembranças

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Equipe do Umuarama em 1975 – agachados: Olaci, Leonel, Pedrinho, Chicão, Jota Alves. Em Pé: Virgílio, Valtinho, Turcão, Vaquinha, Índio e Afonso. Vaquinha foi o artilheiro do campeonato paranaense em 1975

Jogadores passaram pela equipe do Umuarama no decorrer de 1975 a 1980 e dentre esses anos, quando Pedrinho atuou no time, ele ressaltou várias histórias, entre elas a partida contra Cerro Porteño do Paraguai, quando Ademir da Guia e o Luís Carlos Machado, mais conhecido como Escurinho, atuaram na partida pela equipe de Umuarama.

Outra lembrança viva na memória de Pedrinho foi o jogo contra o Santos Futebol Clube, também em Umuarama no ano de 1977.

“O Santos veio jogar aqui com o Nilto Batata e todo o pessoal. Os caras do Santos entraram em campo dizendo que meteriam uns cinco gols e iriam colocar o time do Umuarama na roda. Bom, falei para meus amigos, ‘para isso eles vão ter que jogar então’. Primeiro tempo, quando o Santos acordou eles já estavam perdendo de 1 a 0 com gol do Moisés. O Luizinho bateu uma falta, o Ricardo rebateu e o Moisés caçapou no gol, foi aí que o time do Santos entrou na roda. Vencemos por 1 a 0 e os jogadores do Santos não acreditaram”, recordou Pedrinho aos risos.

Na mesma partida o ex-jogador do Umuarama ainda lembra que entortou Nilto Batata com seu tradicional drible de corpo e meteu a bola entre as pernas do craque do Santos. “Eu lembro que eu dei um ganchão no Nilton e ele passou com tudo, ele quis chegar junto e eu dei no meio das canetas dele, não satisfeito ele meteu o pé e depois veio pedir desculpa. Levantei e falei ‘joga bosta nenhuma né!’ ele retrucou ‘quanto você ganha?’ eu falei ‘quanto tá o placar?’. Acabou o jogo ele voltou para pedir desculpa”, disse o entrevistado.

A história de uma vida construída dentro de quatro linhas

Pedro oliveira da Silva, o Pedrinho, nasceu em Uberaba – MG no dia 9 de novembro 1950, caçula de cinco irmãos começou cedo a jogar e logo seu pai mandou o garoto para o centro de treinamento do Atlético Mineiro. Porém com a troca de dirigentes o rapaz não conseguiu mais treinar no Atlético e foi para o rival América, onde em pouco tempo já era titular infantojuvenil. “No primeiro treino que fiz com o infanto do América os jogadores profissionais me viram jogando e vieram me cumprimentar. Fiquei todo sem jeito, falaram que eu jogava bem”, lembrou.

Pedrinho foi crescendo dentro da equipe, mas havia um problema, seu pai era Atleticano fervoroso e a situação gerava discussões dentro de casa. “Procurei sair de Minas Gerais para não gerar essas situações em casa e acabei indo para o Vasco, mas por situações adversas acabei jogando no Madureira, mas o time estava com salário atrasado e eu tinha uma proposta para ir para o Palmeiras e acabei indo para São Paulo”, noticiou.

O meia estava treinando no Palmeiras, quando reencontrou o técnico Carlos Alberto, que foi treinador da Seleção Brasileira. “Ele estava levando jogadores para o Marília, então o Palmeiras fechou contrato para me levar para o Marília. Estava tudo certo até eu sair do centro de treinamento e ser abordado por um homem de gravata e terno, era o presidente do Fortaleza. Ele me convidou para jantar e me chamou para ir para o Fortaleza. Tentei escapar de todo jeito, mas ele já tinha até as passagens de avião compradas em meu nome, além de oferecer uma boa quantia em dinheiro. Fui para o Fortaleza, passei um tempo por lá, até minha mãe cair em doença, voltei para casa e quando minha mãe melhorou acabei ficando no América”, lembrou.

O jogador ainda teve passagens pelo Vila Nova, Goiânia Sport Clube e equipes de Santa Catariana, mas em 1980 Pedrinho pendurou as chuteiras. “Após um impasse de transação fiquei desanimado com o futebol e decidi parar com 29 anos. Pensei comigo desde moleque só ganhei a vida com bola. Tenho dois braços, duas pernas e vou estudar e fazer outra coisa”, disse.

Nova vida

O agora ex-jogador fez um curso técnico de vendas no Senac e começou a vender vários tipos de produtos, mas logo fez carreira vendendo pneus para caminhões na antiga Lojas HM (Hermes Macedo). “Comecei na HM com a ajuda de um amigo e fui para cima, terminei meu segundo grau, fiz faculdade e passei em vários concursos, como INSS e Copel. Porém, vender meus pneus me dava mais dinheiro naquela época. Aprendi amar Umuarama e aqui construí minha família e estudei meus filhos”, finalizou.