Esporte
Alguns jovens não sabem, mas o Estádio Municipal Lúcio Pipino foi palco de grandes partidas de futebol, que envolveram times da elite paranaense, nacional e até internacional. Para contar a história do Umuarama Futebol Clube, mais conhecido como Tigrão, convocamos o camisa 10 da equipe, o meia Pedro Oliveira da Silva, o Pedrinho.
Hoje com 71 anos, Pedrinho foi um dos craques do Tigrão e atuou na equipe de 1975 a 1980, quando o Umuarama Futebol Clube disputava a primeira divisão do Campeonato Paranaense de Futebol. Foram anos memoráveis, quando partidas inesquecíveis lotavam o Estádio Municipal Lúcio Pipino, o Gigante da Baixada. Neste período os torcedores fanáticos de Umuarama vivenciaram anos de glória do futebol da Capital da Amizade. A equipe ainda atuou até 1990.
Com uma memória afiada, Pedrinho recordou sua chegada em Umuarama. O meia lembra que após passar pelo futebol profissional de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Santa Catariana ao aterrizar na Capital da Amizade o camisa 10 teve uma impacto, pois sempre atuou nas capitais e aqui ‘ainda era um matão só’, como disse o jogador.
Mas com o ambiente acolhedor e a boa qualidade da equipe, o jogador permaneceu e reside até hoje em Umuarama. “Com o Tigrão eu ganhei o título de melhor armador do Campeonato Paranaense e foi o título que ficou. Era um time gostoso de jogar fiz muitas amizades e acabei enraizando aqui. Foi um privilégio ter feito parte daquele grupo, dessa equipe que deu muitas glórias para os torcedores do Umuarama”, disse.
Pedrinho lembra que estava jogando no Joinville, quando Arlindo Libero da Silva (in memoriam), o Arlindão, saiu de Umuarama e foi para Santa Catariana convidar ele para jogar na Capital da Amizade. “Arlindão foi considerado um dos maiores produtores de algodão do Paraná, ele quem montou o time. Falava tudo errado, mas era muito inteligente e do jeito dele, usando dos seus potenciais, conquistou abertura com a Federação Paranaense de Futebol”, lembrou o ex-jogador.
Já em Umuarama, Pedrinho desembarcou junto com os também jogadores Chicão, Jota Alves e Wilsinho. O ano era 1975, neste mesmo ano o Tigrão venceu o Atlético Paranaense por 2 a 0 no Gigante da Baixada pela 1ª divisão do Campeonato Paranaense. A equipe era formada por Leonel, Olacir, Virgílio, Jota Alves, Pedrinho, Chicão, Nenê eu Índio, Turcão, Vaquinha e Afonso, com técnico no começa o Braguinha (Argentino) depois Valeriano.
“Classificamos Umuarama para primeira divisão e não caímos mais, mas chegou uma fase ruim em 1979 de pagamentos atrasados e resolvi fazer um acerto com o Umuarama e tentar ganhar um dinheiro ainda com o futebol, quando fui para o Apucarana”, disse o entrevistado.
Jogadores passaram pela equipe do Umuarama no decorrer de 1975 a 1980 e dentre esses anos, quando Pedrinho atuou no time, ele ressaltou várias histórias, entre elas a partida contra Cerro Porteño do Paraguai, quando Ademir da Guia e o Luís Carlos Machado, mais conhecido como Escurinho, atuaram na partida pela equipe de Umuarama.
Outra lembrança viva na memória de Pedrinho foi o jogo contra o Santos Futebol Clube, também em Umuarama no ano de 1977.
“O Santos veio jogar aqui com o Nilto Batata e todo o pessoal. Os caras do Santos entraram em campo dizendo que meteriam uns cinco gols e iriam colocar o time do Umuarama na roda. Bom, falei para meus amigos, ‘para isso eles vão ter que jogar então’. Primeiro tempo, quando o Santos acordou eles já estavam perdendo de 1 a 0 com gol do Moisés. O Luizinho bateu uma falta, o Ricardo rebateu e o Moisés caçapou no gol, foi aí que o time do Santos entrou na roda. Vencemos por 1 a 0 e os jogadores do Santos não acreditaram”, recordou Pedrinho aos risos.
Na mesma partida o ex-jogador do Umuarama ainda lembra que entortou Nilto Batata com seu tradicional drible de corpo e meteu a bola entre as pernas do craque do Santos. “Eu lembro que eu dei um ganchão no Nilton e ele passou com tudo, ele quis chegar junto e eu dei no meio das canetas dele, não satisfeito ele meteu o pé e depois veio pedir desculpa. Levantei e falei ‘joga bosta nenhuma né!’ ele retrucou ‘quanto você ganha?’ eu falei ‘quanto tá o placar?’. Acabou o jogo ele voltou para pedir desculpa”, disse o entrevistado.
Pedro oliveira da Silva, o Pedrinho, nasceu em Uberaba – MG no dia 9 de novembro 1950, caçula de cinco irmãos começou cedo a jogar e logo seu pai mandou o garoto para o centro de treinamento do Atlético Mineiro. Porém com a troca de dirigentes o rapaz não conseguiu mais treinar no Atlético e foi para o rival América, onde em pouco tempo já era titular infantojuvenil. “No primeiro treino que fiz com o infanto do América os jogadores profissionais me viram jogando e vieram me cumprimentar. Fiquei todo sem jeito, falaram que eu jogava bem”, lembrou.
Pedrinho foi crescendo dentro da equipe, mas havia um problema, seu pai era Atleticano fervoroso e a situação gerava discussões dentro de casa. “Procurei sair de Minas Gerais para não gerar essas situações em casa e acabei indo para o Vasco, mas por situações adversas acabei jogando no Madureira, mas o time estava com salário atrasado e eu tinha uma proposta para ir para o Palmeiras e acabei indo para São Paulo”, noticiou.
O meia estava treinando no Palmeiras, quando reencontrou o técnico Carlos Alberto, que foi treinador da Seleção Brasileira. “Ele estava levando jogadores para o Marília, então o Palmeiras fechou contrato para me levar para o Marília. Estava tudo certo até eu sair do centro de treinamento e ser abordado por um homem de gravata e terno, era o presidente do Fortaleza. Ele me convidou para jantar e me chamou para ir para o Fortaleza. Tentei escapar de todo jeito, mas ele já tinha até as passagens de avião compradas em meu nome, além de oferecer uma boa quantia em dinheiro. Fui para o Fortaleza, passei um tempo por lá, até minha mãe cair em doença, voltei para casa e quando minha mãe melhorou acabei ficando no América”, lembrou.
O jogador ainda teve passagens pelo Vila Nova, Goiânia Sport Clube e equipes de Santa Catariana, mas em 1980 Pedrinho pendurou as chuteiras. “Após um impasse de transação fiquei desanimado com o futebol e decidi parar com 29 anos. Pensei comigo desde moleque só ganhei a vida com bola. Tenho dois braços, duas pernas e vou estudar e fazer outra coisa”, disse.
O agora ex-jogador fez um curso técnico de vendas no Senac e começou a vender vários tipos de produtos, mas logo fez carreira vendendo pneus para caminhões na antiga Lojas HM (Hermes Macedo). “Comecei na HM com a ajuda de um amigo e fui para cima, terminei meu segundo grau, fiz faculdade e passei em vários concursos, como INSS e Copel. Porém, vender meus pneus me dava mais dinheiro naquela época. Aprendi amar Umuarama e aqui construí minha família e estudei meus filhos”, finalizou.