ACIDENTE DE TRABALHO
Os bombeiros conseguiram resgatar o corpo do trabalhador Alexson Gomes Moreira de 42 anos, por volta das 14h10 desta quarta-feira (13), depois de mais de 8 horas de buscas em um silo cheio de soja em um entreposto de cooperativa as margens da PR-323, em Umuarama. O acidente ocorreu por volta das 20 horas de terça-feira (12).
O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) e liberado ainda durante a tarde para os familiares. O velório provavelmente será na capela da Umuprev.
Segundo a ex-esposa da vítima, a encarregada de costura Maria Cecília da Silva, de 35 anos, o acidente poderia ter sido evitado. “Os bombeiros relataram que ele não estava usando equipamento de segurança. Os colegas disseram que ele estava trabalhando sozinho. Se tivesse outra pessoa ou usando os equipamentos ele poderia estar bem”, afirmou Maria Cecília. O casal estava separado há cinco meses depois de quase 20 anos juntos e têm uma filha de 17 anos.
Alexson Moreira prestava serviços terceirizados para a cooperativa e segundo relatos de colegas estaria há cerca de 15 dias trabalhando no local, mas há cerca de dois anos já estava prestando esse tipo de serviço. “Ele conhecia o trabalho”, afirmou a ex-esposa. “Ele era uma pessoa muito tranquila, calada, mas sorridente e muito trabalhador”, relatou Maria Cecília.
O primo Junderlei Moreira contou que foi o primeiro a receber a notícia do acidente. “Conversei com ele por volta das 17h30. Tínhamos combinado de sair. Eu iria pegar ele no trabalho. O Alex chegou a mandar a localização, mas perto das 20 horas já não consegui mais falar com ele e depois soube do acidente”, Junderlei contou que não via o primo há três anos e chegou na cidade recentemente e os dois iriam confraternizar.
Os bombeiros conseguiram retirar o corpo de Alexson depois de mais de 18 horas de trabalho. Uma das mãos da vítima ficou visível e os socorristas conseguiram amarrar uma corda e tiveram que esvaziar parte do silo para conseguir resgatar o corpo. Para isso, além do sistema de drenagem de grãos do silo, foram feitos outras três aberturas para agilizar a retirada. Pá carregadeira e caminhões também foram utilizados no resgate.
Segundo o tenente Marçal do Corpo de Bombeiros, os companheiros de trabalho da vítima explicaram que ele realizava um trabalho de limpeza nas paredes do silo quando houve o acidente. “Pelo que explicaram a soja forma blocos duros e secos que precisam ser quebrados para poder escoar para o dreno e ele realizava esse trabalho quando houve o acidente”, afirmou.
Ainda segundo o oficial aparentemente não foi visualizado qualquer equipamento de segurança junto a vítima. “Não é possível afirmar que estava ou não com equipamento porque ainda não visualizamos o corpo. A gente entende que por ser um trabalho arriscado deveria estar ancorado a algum ponto e não visualizamos nenhuma corda em direção ao corpo dele em meio ao material”, afirmou o tenente Marçal
Um perito do Instituto de Criminalística esteve no local, bem como um policial civil. Um inquérito será instaurado para apurar as causas e circunstâncias do acidente.
Em nota a Cooperativa Cvale emitiu um comunicado onde afirmou estar colaborando com as autoridades e que mantém protocolos de segurança para acesso a locais de risco, entre eles o fornecimento de equipamentos de proteção.
Segue abaixo a íntegra do comunicado:
“A C.Vale informa que está colaborando com as autoridades nos trabalhos de resgate e apuração dos fatos que resultaram na morte do trabalhador em um silo de grãos em Umuarama. A cooperativa mantém protocolos de segurança para acesso a locais de risco, entre os quais o fornecimento de equipamentos de proteção, e está auxiliando na apuração das condições que resultaram no acidente. A C.Vale lamenta o ocorrido e informa que reforçará os procedimentos de segurança na unidade bem como prestará auxílio à família do trabalhador”.