Dr. Eliseu Auth

Eliseu Auth

Bom senso na garupa

04/02/2019 21H30

Uma boa democracia se faz com freios, contrapesos e muito bom senso. Os poderes da república não são absolutos. Um deve cuidar do outro e todos precisam ser fiscalizados por órgãos específicos de controle externo. Nenhum pode estar acima do bem e do mal. Nem judiciário, nem executivo e nem legislativo. Pronto. Está aí a receita da boa democracia. Em metáfora, o tempero que não pode faltar é o bom senso. Dito e feito, todos nós experimentaremos a delícia desse regime.

O meu bom senso avisa que num passado não muito distante o Supremo errou de novo. Proibiu as vaquejadas sob argumento de que judiam do animal costeado, seguro pelo rabo e derrubado em competição. Não sei se os ministros vieram da roça ou não. Mas, acho que não conhecem o que significam vaquejadas e rodeios para o povo brasileiro. Ambos são tradicional diversão para tantos brasileiros. E ainda garantem milhões de empregos. São diversões sadias e respeitosas. E tem quem as compara aos espetáculos das arenas de Roma. Ousam por animais no lugar dos cristãos. Nesta hora, nossa gente sofre a dor do desemprego e as pessoas têm tão pouco para se divertir… Segurar um boi pelo rabo e derrubá-lo, é nada perto de alguns espetáculos de pancadaria e sangue que são promovidos e alardeados em esportes violentos. Aqui, e mundo afora.

Se imperar a lógica do raciocínio que proíbe a vaquejada, daqui a pouco vão proibir montar cavalo. Vão dizer que é judiação sentar na cacunda do animal, dar chicotadas e ainda meter a espora. Vão pedir ao juiz que proíba essa tortura. Meu bom senso tem medo disso. Os índios eram exímios cavaleiros. Sepé Tiarajú, herói do Rio Grande é festejado como o primeiro santo indígena. Educado por padres jesuítas, ele travou batalhas épicas em lombo de cavalos. Diz o bom senso que é proibido infligir sofrimento à toa em animal. Tortura nunca! Nos rodeios e vaquejadas os animais são amados e qualquer incidente é prontamente cuidado. Dá a impressão que os juízes não sabem disso. Além do mais, rodeios e vaquejadas são importantes para a economia porque geram muitos empregos. Num domingo recente, o “Globo rural” disse que só as atrividades ligadas a cavalos garantem mais de três milhões de empregos no Brasi. E agora?.

Nas ruas, o povo está cavalgando em protesto. E, bom senso na garupa, pede que alguém regulamentar isso. É a vez do poder legislativo entrar em campo, autorizando expressamente essas atividades lúdicas e econômicas. Nesta hora de crise, é preciso olhar e rever conceitos como jogos, cassinos e rinhas de galo que estão proibidos. Vou embora e vou a cavalo. Vou, rebenque erguido e bom senso na garupa.

(Eliseu Auth é Promotor de Justiça inativo, atualmente Advogado militante).