Dr. Eliseu Auth

05/07/2022

Bibliotecas à mão cheia!

04/07/2022 16H00

Jornal Ilustrado - Bibliotecas à mão cheia!

  Eliseu Auth

       Incrível! O presidente Bolsonaro, numa de suas “life”, orgulhou-se por incentivar armas no Brasil. Mostrou que aumentaram os clubes de tiro e as lojas que vendem armas. Emendou que, reeleito, pretende implantar o modelo norte-americano de armas, onde o acesso a elas é liberado.  Aí criticou Lula, dizendo que ele, se ganhar, vai transformar Clubes de tiro em Bibliotecas. 

        Lá, nos Estados Unidos, a Emenda II da “Bill of Rights”, de 1791, de fato, assegura o direito a armas “não poderá ser impedido”, daí a sua disseminação. Contudo, essa “Emenda” é de 1791 e os tempos são outros. Já não cabe interpretá-la como direito irrestrito, isto é, sem regulamentação. Há que ter restrições, dispondo sobre calibre, idade e saúde mental, além de uma rígida fiscalização, tudo sob controle do Exército. Arma não é e não pode ser mercadoria que se compra livremente. De minha parte, embora tenha direito ao porte, sou contra a circulação das armas entre as pessoas. Claro, excetuados os órgãos e as instituições de segurança. Isso evita valentias e mortes. E tranqüiliza pais, mães e famílias quanto à segurança dos filhos.

       É notório que países desenvolvidos com maior controle das armas que os Estados Unidos, registram menos homicídios e menos tragédias como as que costumam acontecer por lá. Outro dia, um rapazote supremacista branco, metralhou 10 pessoas e feriu 3 num mercado em Buffalo. Lá, repetem-se massacres em Escolas, templos e mercados, por conta da disseminação de armas. Aí vem a pergunta: Que adianta falar em “amor a Deus e ao próximo”, rezar e orar, enquanto se incentiva armas que semeiam brigas, ódio e mortes?

       Nada deve ser mudado no Estatuto do Desarmamento – Lei l0.826/2003. E não há nada mais acertado que preferir bibliotecas em lugar de Clubes de tiro, ainda que estes possam existir, mas sempre restritos a caçadores, atiradores e colecionadores, só podendo portar as armas nos trajetos daquelas atividades. Nunca no meio social. Termino, lembrando a lucidez do grande Castro Alves: “(…) Oh! Bendito o que semeia Livros… Livros à mão cheia. E manda o povo pensar! O livro caindo n´alma, é germe que faz a palma. É chuva que faz o mar.” Sou da paz e prefiro a instruçao em lugar de armas na cinta. Que venham mais bibliotecas para instruir as pessoas. Bibliotecas à mão cheia!

       (Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).