Barulho e pantomima

Eliseu Auth

Chamo o ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado” para pensar comigo. O MST – movimento dos trabalhadores sem terra é um movimento social autônomo, portanto não governamental que visa organizá-los em busca de um pedaço de chão onde possam fazer o que sabem: plantar, colher e produzir para o bem de todos. No horizonte está um projeto de justiça social. Não há mal nisso porque os trabalhadores sem terra estão sujeitos às leis do país que protegem a propriedade privada legal, não grilada e produtiva. Se há invasões ilegais, estas podem e devem ser contidas pela lei. É simples assim.

Quem tem visão social não criminaliza o movimento. Olha-o como legítimo e benfazejo instrumento de paz e justiça social, em contraponto com o capital selvagem que se esquece do trabalho e de quantos dele dependem para viver. Consta que o MST organiza 160 cooperativas, 120 agroindústrias, 1.900 associações e assentou mais de 450.000 famílias. É pouco? Não. Há 2.000 escolas no assentamentos e 200.000 crianças, adolescentes, jóvens e adultos com acesso à educação. 2.000 estudantes estão em cursos superiores e em mais de cem cursos de graduação no regime de parceria com universidades públicas. No Isso tem nome: é missão social que dignifica as pessoas produzindo alimentos em profusão e fortalecendo a agricultura familiar. Na verdade, o MST é instrumento de paz. Auxilia o poder público a organizar a sociedade e conter eventuais lutas de classes e conflagrações sociais.

Tem gente que não gosta da paz social e vem com a mentirosa e surrada lorota de que tudo isso é comunismo. Manitôs! Respirem e deixem que os outros também possam respirar. Ninguém quer ditadura alguma. Nem comunismo, nem fascismo! O que se quer é harmonia entre o capital e o trabalho de homens livres para que todos vivam com dignidade. Pois é. A oposição ao governo Lula quer uma CPMI para criminalizar o MST. Perdida e sem discurso para governar visa atacar o governo que já condenou as invasões ilegais e colar nele a pecha de invasor de terras. Se qualquer ilegalidade na conquista de terras invasões é e pode ser corrigida pela lei, que quer a oposição com a CPMI do MST? Só há uma razão: barulho e pantomima.

(Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).