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Associação luta pelo crescimento de áreas irrigadas na agricultura do Paraná

02/03/2020 08H48

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Com objetivo de transformar a região do arenito Caiuá em um oásis de produtividade, a Associação dos Produtores Irrigantes do Paraná (ASPIP) vem batalhando para massificar o projeto de irrigação lançado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB). Em visita ao jornal Umuarama Ilustrado, o presidente da ASPIP, Demerval Silvestre, falou dos desafios do programa e dos frutos que já estão sendo colhidos por produtores da região de Paranavaí.

Segundo Demerval Silvestre, no último dia 17, com o apoio do deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PSB), uma comissão falou na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) frisando a necessidade de desburocratização de alguns pontos, que impedem o desenvolvimento de áreas irrigadas no Paraná. Na fala também foram abordados temas, como o dos custos dos equipamentos, criação de linhas de crédito, agilidade para a concessão de licença e outorga para o uso da água dos rios.

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Silvestre também ressaltou que uma comissão técnica vistou Campos de Holambra, distrito de Paranapanema – SP, o local é conhecido como a Capital da Tecnologia Agrícola. “Lá podemos conhecer a tecnologia dos campos irrigados. O que vimos em Holambra é que queremos não só para o Noroeste, mas todo Paraná. Os agricultores de Holambra programam o plantio e a colheita, pois não dependem das chuvas e por isso fazem cinco colheitas em cada dois anos”, disse.

O objetivo da associação é vista com bons olhos pelo governo do estado. Segundo o secretário Estadual da Agricultura, Noberto Ortigara, o projeto é fundamental para as pretensões econômicas do Noroeste, devido as questões de solos mais frágeis e uma diversificação da agricultura. “Entendemos que o ganho de eficiência e produtividade passa pelo uso racional do solo e da água e aqui na forma de irrigação. É um caminho para evolução econômica do Noroeste, que dispõe de conhecimento e água e por isso o Estado decidiu apoiar essa iniciativa”, ressaltou o secretário.

Ainda segundo o Ortigara, o governo entra no projeto com três linhas, sendo a primeira baixar a taxa de juros e o projeto de lei para isso foi encaminhado para ALEP. Segundo, buscar qualificar a equipe técnica e o terceiro é a possível revisão da tributação de equipamentos para fazer o processo de irrigação. “Este último estamos em negociação com Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Também estamos observando estudos de energia renovável para apoiar o setor”, explicou.

O secretário de Desenvolvimento Sustentável e Turismo, Márcio Nunes, também apoia o movimento de irrigação e vem atuando frente a agilidade para a concessão de licença e outorga para o uso da água dos rios.

Dados de Irrigação

O Brasil e o Paraná ainda estão abaixo da média mundial em áreas irrigadas. Enquanto no mundo o índice é de 40%, no Paraná é de 1,6%. No Brasil está em 7,7%. Os dados são do governo estadual.

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VOZ DA ESPECIALISTA

Na bancada da Alep, a engenheira Priscila Silvério Sleutjes, membro titular da Câmara Temática de Agricultura Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e membro titular da Comissão Nacional de Irrigação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ressaltou que a irrigação é o caminho.

Na visão da especialista, a utilização da irrigação para geração de alimentos permite o que ela chama de verticalização da produção. “Com a mesma área, podemos produzir duas vezes e meia a mais. A cada dois anos, temos cinco safras. O desenvolvimento econômico é muito maior. A tecnologia para isso nós temos. Precisamos de apoio”, afirmou Priscila.

Entretanto, segundo Priscila, alguns pontos importantes travam o setor, como a falta de segurança jurídica, hídrica e energética. “A energia ainda é cara para irrigar as plantações. Além disso, necessitamos de melhorias na concessão de licença ambiental. Por fim, os produtores precisam de direitos de outorga hídrica para utilização da água. Precisamos desburocratizar estes processos”, explicou.

Paranavaí

Na região de Paranavaí, região piloto, já são mais de R$ 15 milhões em projetos de irrigação implantados e a serem implantados. “O que queremos e estender isso para todo o Paraná. Por isso estamos selecionando uma unidade polo para a visita de produtores e também a idealização de um seminário para que os produtores venham conhecer os benefícios do projeto”, ressaltou Silvestre, que também deixou o telefone do Sindicato Rural de Paranavaí, 44 3423-4848, para o produtor interessando em fazer irrigação.

Estímulo

A previsão é que o Programa de Irrigação do Paraná represente um incremento de produção atinja até 500% em algumas culturas e facilite o processo de integração lavoura-floresta-pecuária. A iniciativa é da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB). O programa está alicerçado em alguns eixos. O primeiro trata da redução de custos, particularmente com equipamentos. Para isso, estão previstos isenção de ICMS e diferimento tributário. Na questão ambiental, está prevista maior agilidade para a concessão de licença e outorga para o uso da água dos rios. O programa prevê ainda parceria com a Companhia Paranaense de Energia (Copel) para reforçar a rede, ampliando o sistema trifásico, que garante mais confiabilidade e segurança.