INFESTAÇÃO
Moradores do conjunto Guarani, em Umuarama, estão assustados com o aparecimento de escorpiões amarelo (Tityus serrulatus). Na semana passada um morador da rua Santa Madalena relatou que encontrou um aracnídeos no quarto das filhas, de 11 e 9 anos de idade. Segundo o morador, esse foi o quinto incidente registrado no período de dois meses.
Os registros de casos não se limitam ao conjunto Guarani e se estendem por toda cidade. A informação é da Vigilância Ambiental de Umuarama. De acordo com a agente da Vigilância em Saúde, Bianca Repecki, os escorpiões têm se proliferado por todas as regiões da cidade. “Não é só no Guarani, temos registros de casos em todos os bairros, incluindo na região central”, relata.
Nos primeiros quadrimestre deste ano a Vigilância em Saúde recolheu 125 escorpiões e nos últimos quatro meses foram apenas 49 animais, conforme Bianca. De acordo com ela, a diminuição no número de casos, em comparativo com o primeiro e segundo quadrimestre, é decorrente do período de inverno. Porém, com a chegada da primavera a tendência é a retomada do aumento de registros.
O crescimento de entulhos de construção e demais lixos jogados em quintais e terrenos vazios ajudam a proliferação do escorpião amarelo, que buscam baratas e outros insetos para se alimentar.
Outro aspecto identificado pela Vigilância em Saúde de Umuarama é o crescimento da população de escorpião amarelo na rede de esgoto. Com o desaparecimento dos predadores naturais do aracnídeo, sendo eles: o sapo e o gamba, o Tityus serrulatus encontrou fartura de alimento no esgoto e também um ambiente seguro.
“Em bairros novos, como o Belo Monte, onde as casas quase não têm quintal e pouco acúmulo de entulho, o escorpião vem pela rede de esgoto e entra nas casas pelo ralo. Daí a importância de proteger os ralos e também colocar protetores de portas nas casas.
Quanto ao controle, há uma crença de que criar galinhas no quintal pode eliminar escorpiões, que são alimento destas aves. Bianca esclarece que essa informação não é verdadeira, pois as galinhas se recolhem para dormir no entardecer, enquanto o escorpião é um animal de hábitos noturnos, que sai de seu esconderijo após escurecer.
“Os predadores naturais do escorpião amarelo são o sapo e o gambá. O gambá pode comer até 100 escorpiões por noite, porém esses animais estão sumindo da cidade pela ação do homem”, explica.
O controle do animal pode ser feito com a retirada do lixo e entulhos de quintais e terrenos vazios. Desta forma a população deve cumprir seu papel de manter a cidade limpa. Além disso, o escorpião amarelo não precisa de um casal de animais para se reproduzir, bastando uma fêmea para gerar filhotes (reprodução por partenogênese). Cada filhote que nasce vai crescer e gerar novos filhotes quando tiver em torno dos nove meses de vida. Com isso se instala um processo de infestação de forma rápida, pois esse escorpião é capaz de gerar de duas a quatro crias por ano, com 20 filhotes em média, podendo ter mais de 80 filhotes em um ano, de uma única fêmea.
Caso seja encontrado um escorpião em uma residência, ele deve ser capturado. É preciso tomar muito cuidado ao capturar um escorpião vivo, pois ele pode se movimentar rapidamente durante uma fuga e se esconder. O ideal é empurrá-lo para dentro de um pote, que será fechado com tampa. Em seguida, este escorpião deve ser levado à Vigilância em Saúde para identificação, que fica no prédio da Secretaria Municipal de Saúde ou telefone (44) 3639-1900 . Assim será possível avaliar o risco que aquele animal representa para a saúde e tomar as providências para reduzir sua ocorrência.
Antes de tudo, manter a calma. Esse é o primeiro passo para quem foi atacado por um animal venenoso. Capturar o animal é outro passo importante, mas, caso não seja possível, o paciente pode descrevê-lo na hora do atendimento. Não é recomendado matar os animais e, caso isso já tenha sido feito após o ataque, ele deve ser levado do mesmo jeito para averiguação. O atendimento nesses casos deve ser feito imediatamente para que o quadro não se agrave. “Muitos pacientes resolvem esperar, porque na hora não está doendo. Mas no caso do escorpião amarelo, por exemplo, o tratamento se desenvolve melhor se o atendimento for feito rapidamente”, finalizou a entrevistada.