Umuarama

Dia Internacional das Mulheres

Aos 79 anos, catadora de recicláveis é exemplo de trabalho e persistência

08/03/2022 08H58

Jornal Ilustrado - Aos 79 anos, catadora de recicláveis é exemplo de trabalho e persistência

Aos 79 anos a catadora de recicláveis Josefa Antonia de Oliveira, a Dona Zefa, é exemplo de trabalho, persistência e resistência.

Com uma rotina ‘puxada’, ela e sua carriola ganham as ruas do bairro Jardim São Cristóvão e circunvizinhos quando o sol ainda não nasceu, lá pelas 4 horas. De casa em casa, ela busca latinhas e material plástico, que ao fim do mês são comercializados em empresas que compram recicláveis na cidade.

Dinheiro

O dinheiro arrecadado é pouco, mas garante o complemento da renda familiar de dois salários-mínimos para assegurar uma vida simples, mas com dignidade para ela, o marido, que é cego, e uma neta de 10 anos, que cria desde o nascimento.

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Mulher

Dona Zefa é a mulher escolhida para ser homenageada pelo Jornal Umuarama Ilustrado, neste dia 08 de Março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.

A história desta pernambucana é marcada pela determinação e pela fé que a mantém em movimento, mesmo quando a saúde não ajuda. Dona Zefa tem enfisema pulmonar, uma séria restrição alimentar por causa de alergias e um problema grave com varizes nas pernas, resultado de muitos anos empurrando carrinhos de mão pesados. Mesmo assim, isso não a impede de todos os dias ir trabalhar. O caso é cirúrgico, mas ela tem medo de fazer e ficar sem poder andar.

Catadora

“Meu filho não gosta que eu saia para catar latinha. Outro dia passei em frente a casa dele e ele recolheu o meu carrinho maior. Disse que é para eu não fazer mais. Mas não tem jeito, né? Com esse dinheirinho consigo pagar minha luz, minha água. Posso até passar necessidade, mas consigo manter minhas contas em dia”, salientou a entrevistada.

Sonho

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O sonho de Dona Zefa é voltar para a roça, onde morou a maior parte da vida e criou seus 14 filhos. Quando veio para a cidade, no início dos anos 2000, foi morar em uma casa simples, que ela e o marido compraram próximos a estação de tratamento de água, em Umuarama. “Aqui até tentei plantar uma mandioca, umas verduras, mas a terra não ajudou, não”, contou.

Agora, acalenta o sonho de viver em uma pequena chácara. “Minha filha deu entrada em um terreno, mas ela não tem condições de erguer uma casa. Agora, que tinha até pensado em parar de catar reciclável, vou continuar para erguer as paredes e poder morar lá. Dai vou poder criar umas galinhas, plantar uma mandioca. Esse é o meu sonho”, relatou. Boa parte da renda do casal é usada com a compra de medicamentos.

Fibra

Mas a dificuldade não tira a fibra desta mulher, que com apenas 1,50 metro e pouco mais de 35 quilos, não desanima e mantém seus princípios de certo e errado muito rígidos. “Não pego cesta básica. Já precisei, mas agora, deixa para quem está em situação mais difícil e precisa mesmo”, afirmou.

Sorriso

Ao falar das dificuldades que já passou, lembra que sua vida é sofrida, mas que nem por isso perde sua fé em Deus e deixa de sorrir para quem se aproxima para uma conversa. “De que adianta eu ficar lamentando ou com cara de triste? Melhor eu sorrir então e não desanimar”, finalizou.