Amanhã, a vítima pode ser você

                                                                                                    Eliseu Auth

     Houve tempo em que era moda vestir camisetas com estampas dos Estados Unidos. Foi depois da “Bèlle Époque” e depois da 2ª guerra mundial. Era visto país da ciência, do progresso e dos sonhos. Por isso, era moderno botar a admiração no peito e desfilar com ela. Nunca me empolguei com isso, nem mesmo no tempo de universidade. Tínhamos restrições ao intervencionismo americano em casos explícitos como o golpe militar de 1964. o acordo “Mec-Usaid” e a institucionalização do racismo contra os negros e minorias.

     Hoje o que vemos lá é pouco alentador. É um país onde a “liberdade” descrita na Emenda I da “Bil of Rights” virou desordem e debocha dos limites para o dizer e agir. Eis o terreno para supra-racistas, organizações extremistas e uma incrível derrama de armas. Cidadãos podem adquiri-las até em boteco. O que se viu depois é conhecido do ilustrado leitor do “Umuarama Ilustrado”: Atos terroristas e matanças em colégios, mercados e aglomerações viraram rotina. Os extremismo republicano e o loby da indústria das armas não deixam regular e limitar a circulação. A cegueira moral tomou conta. Essa gente foi ao Tribunal aplaudir seu líder Donald Trump que é réu por comprar o silêncio de uma atriz pornô para abafar suas relações com ela. O caso teria surgido durante as eleições que o elegeram. Agora a extrema direita faz de Tump um herói e alardeia que seu machismo o fortaleceu para as próximas eleições.    Tem maior decadência moral? Que alma tem essa gente?

     Volto para nossa “Terra de Santa Cruz” que já foi exemplo de paz, respeito e tolerância entre as pessoas. Nos orgulhamos do nosso cristianismo que se baseia no amor a Deus e ao próximo, mas de uns tempos para cá, já temos aqui um clima de ódio e intolerância. Repetimos o sofisma da “liberdade sem limites”, sem leis que ordenem a convivência humana. Imitamos, para o mal, o que aconteceu e acontece nos Estados Unidos. Saibamos que viver em sociedade sem limites na lei e sem regras”, é mais que anarquia. É liberdade para fazer o que dá na telha, inclusive  ameaçar, dominar, oprimir e matar.

     Quando o ilustrado leitor imaginou que chegaríamos a ver um adolescente de 13 anos entrar num colégio como o “Tomasi Montoro” de São Paulo e ali esfaquear professoras, matando uma delas? Também não imaginou um outro celerado extremista de 25 anos entrar numa creche em Blumenau e lá trucidar criancinhas de berço. Pior! Já se sabe que aumentou o número de suspeitos com desígnios de terror. Algo está muito errado. É bom que acordemos, antes que seja tarde demais. Amanhã, a vítima pode ser você.

     (Eliseu Auth é promotor de justiça inativo, atualmente advogado).