Planejamento
O Departamento de Economia Rural (Deral), órgão da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (SEAB), liberou na primeira quinzena de agosto o levantamento do Valor Bruto da Produção Municipal (VBPM). O documento traz os valores da produção dos 24 municípios da regional de Umuarama, e ao ser estudado, fica um alerta para a necessidade de investimentos no agronegócio, visando o desenvolvimento econômico da região.
O valor bruto da produção regional da safra 2017/2018 alcançou a cifra de R$ 3.905 milhões, sendo 8% maior em relação à safra anterior que foi de R$ 3.620 milhões. Entre as principais atividades agropecuárias para a formação deste valor, encontram-se a pecuária de corte (R$ 992 milhões); soja (R$ 684 milhões); mandioca (R$ 536 milhões); frango de corte (R$ 511 milhões); leite (R$ 274 milhões) e cana-de-açúcar (R$ 368 milhões). As demais atividades (fruticultura, olericultura, piscicultura, floricultura, madeira, arroz irrigado, milho entre outras) somaram R$ 536 milhões.
Os números apresentados desta forma são animadores. Porém, quando são colocados e um comparativo da região Noroeste, são preocupantes. Dentro de uma perspectiva usando as cidades polos; Umuarama, mesmo tento maior área cultivada, perde em número de valor da produção para Cianorte e Paranavaí.
Hoje Umuarama conta com 101 mil hectares de área cultivada e o valor bruto da produção gira entre R$ 376 milhões. Já Paranavaí, com 96 mil hectares de área cultivada, fechou a safra de 2018 com R$ 456 milhões. Cianorte é a que tem mais valor agregado em sua produção, o município fechou 2018 com R$ 715 milhões de VBPM na melhor área cultivada: 73 mil hectares.
O agrônomo do Deral de Umuarama, Antonio Carlos Fávaro, faz uma leitura dos números e segundo ele, em Umuarama mais da metade da área cultivada fica para pecuária de corte/leite e a cana-de-açúcar, porém tais culturas não estão sendo eficientes. Além disso, os aviários do município precisam entregar a produção para outras cidades e a mandioca segue no mesmo rumo, pois não existe fecularia no município.
“Umuarama fica na produção primaria, a transformação é muito pequena e estamos dependendo da venda dessa matéria prima para outros municípios. Acabamos perdendo o valor adicionado, que gera mais emprego e impostos. Somos um fornecedor de matéria-prima”, explicou.
Segundo o economista do Deral, Ático Luiz Ferreira, o VBPM é um dos critérios utilizados para se calcular o índice de participação do ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) que é repassado aos municípios proporcionalmente de acordo com a sua contribuição. “Desta forma, vemos a produção agropecuária de Umuarama contribuindo apenas 7% para a arrecadação do ICMS para o município. Mas essa porcentagem poderia subir para 20%, só com a produção primária”, alertou.
Na visão do economista, o investimento no agronegócio seria a forma para o desenvolvimento econômico de Umuarama, uma vez que a cidade conta com um comércio arrojado e pujante.
O agrônomo Fávaro ainda ressaltou, que além do comércio, a cidade conta com um ótimo setor de serviços, desta forma, a agricultura e a pecuária poderiam ser a mola propulsora para a economia municipal e regional. “Já temos um comércio e setor de serviços fortes, se comparado a outras cidades da região. Mas no campo, temos uma média de renda bruta de R$ 3.700 por hectare, sendo que a média da regional é de R$ 4 mil por hectare. Umuarama perde para a média regional. É necessário corrigir este setor, tanto na produção primária quanto na industrial”, alertou.
Dentro do cenário do agronegócio atual, Fávaro acredita que a região e Umuarama tem a “galinha dos ovos de ouro” na mão, mas não bota. “Contamos com região grande, condição climática boa – temos sol 12 messes por ano e chuvas regulares, além de localização estratégica. Porém isso não é aproveitado em sua totalidade”, noticiou.
Para o entrevistado, seria necessário investir na cultura da vocação regional em vez de buscar ideias mirabolantes. “Não é preciso inventar, a pecuária de corte e leite é conhecida pelos produtores, os quais contam com experiência. O que precisa é evoluir. Evoluir geneticamente, em alimentação, manejo, confinamento, abate e exportação. É isso que vai dar para Umuarama e a região uma condição rápida na evolução econômica e social, mas isso tá demorado”, enfatizou.
Antonio Fávaro fala da pecuária, pois o setor de corte representa 25% do VBP regional demonstrando quanto esta atividade significa para a economia e que somado com a produção leiteira (7% do VBP) totaliza o valor de 32% do valor da produção. Esta atividade está presente em praticamente todos os municípios do Núcleo Regional, e ocupa uma área de 490.000 ha de pastagens de um total de 922.000 ha agricultáveis.
Os entrevistados finalizam dizendo que existem exemplos assertivos ao lado, como Cianorte que conta com o dobro do VBPM de Umuarama em um menor território. “Não é só o produtor, é preciso políticas públicas, precisa investimento do governo em pesquisa, incentivo ao crédito, com uma visão de cooperativismo. É necessário um olhar diferente, discutir isso dentro da sociedade, para o produtor ter confiança que pode investir e não deixar cada um seguindo seu caminho”, finalizou Fávaro.
O quadro abaixo demonstra o Valor Bruto da Produção de cada município e as cinco principais atividades agropecuárias:
Mapa mostra a principal atividade agropecuária por município da região