Especial
Os frequentadores da feira do produtor de Umuarama, realizada aos domingos, estão sendo cativados pelas peças de madeira criadas por Antônio Pedro Dela Valentina, um agricultor pioneiro da região, mais conhecido como Toninho Valentina. Aos 72 anos, esse amante da natureza revela que suas inspirações surgiram durante o período de distanciamento social imposto pela pandemia do Coronavírus.
Toninho chegou a Umuarama em 1963, aos 12 anos de idade, junto com sua família. No entanto, ele relembra que seu pai veio para a Capital da Amizade em 1955, com o objetivo de abrir a mata em que residem até hoje. “Meu pai veio aqui para desbravar a propriedade em que vivemos. Começamos com o cultivo de café, mas enfrentamos muitas geadas até a década de 80. Então, diversificamos nossas plantações e também iniciamos com os aviários”, recorda.
Já a história do agricultor umuaramense com a transformação da madeira começou durante a pandemia e o período de isolamento social. Trabalhando com a madeira encontrada na mata de sua propriedade ele começou a criar peças únicas que rapidamente conquistaram o apreço dos moradores da região.
Com entusiasmo, Dela Valentina compartilha os elogios que recebe por seu trabalho, afirmando que alguns amigos têm dificuldade em acreditar que as peças são feitas por ele. Brincando, ele diz: “Recebo tantos elogios que, mesmo se não vender, já me sinto satisfeito”.
O processo criativo de Antônio Pedro inicia com uma caminhada em sua reserva natural, onde observa as madeiras ocas e as árvores mortas e que possuem mais “defeitos”, pois leva mais beleza para a obra. Ele explica que a peça já está pronta em sua mente, e quando encontra um pedaço de madeira adequado, apenas executa o projeto. Dessa forma, ele cria bancos, cubas para pias, gamelas, tábuas de corte e tudo o que a imaginação permitir.
“Eu amo a natureza e, ao longo dos anos, preservei e ampliei minha reserva natural. Temos árvores aqui com mais de 30 anos. Não há um dia em que eu não vá à mata. Antes, as pessoas até me chamavam de bobo por manter toda essa vegetação, mas eu sabia o que queria e qual era meu vínculo com a natureza. Hoje, dou vida às árvores mortas com minhas peças, que estão sendo enviadas para diversas partes do Brasil”, revela o artesão.
Toninho utiliza poucas ferramentas em seu trabalho, basicamente uma motosserra e uma esmerilhadeira. Com esses instrumentos e suas habilidosas mãos, ele trabalha em meio à natureza, em um espaço aberto sob as jabuticabeiras. “Eu poderia ter um espaço para criar as peças, mas eu gosto de ficar trabalhar na natureza, vendo os pássaros e as árvores. Faço isso com amor e muito prazer”, disse.
As peças do artesão são expostas na feira do produtor em Umuarama aos domingos e variam entre R$ 30,00 a R$ 800,00.