CASO DANIEL
Curitiba – Edison Brittes Júnior, 36, conhecido como Juninho, confessou ter participado do assassinato do ex-jogador do São Paulo Daniel. Ele se entregou à polícia nesta quinta (1º), em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, para prisão temporária de 30 dias.
Foram detidas também a mulher dele, Cristiana Brittes, e a filha de 18 anos para “averiguações”.
Procurado pela reportagem, a defesa do suspeito disse que Edison confessou o crime, mas afirmou que o fez porque Daniel teria estuprado sua esposa.
PASSIONAL
“Em um dado momento, estavam todos confraternizando na churrasqueira e ouviu-se um pedido de socorro. O Edison foi até o quarto, arrombou a porta que estava trancada e flagrou Daniel sem calças, montado em cima da mulher dele, que estava dormindo há algumas horas. Ele flagrou aquela cena e passou a agredir o Daniel agressivamente, levado por forte emoção, e as coisas se levaram para o que a gente sabe.”
No relato da defesa, Juninho diz que Daniel não havia sido convidado para o “after party” em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Ele teria entrado no Uber de um casal após festa em uma boate e partido em direção à casa.
Na ficha policial, consta que o suspeito já tinha “indicativo criminal” por porte ilegal de armas e receptação.
Uma testemunha, que pediu para não ser identificada, disse para a polícia que foi ameaçada pelo suspeito de ter matado o jogador. Segundo a testemunha, Edison Brittes Júnior se reuniu na segunda-feira (29) com ela e outras três pessoas que presenciaram as agressões a Daniel para combinar o relato que fariam à polícia.
A testemunha afirmou que não concordou em mentir e resolveu denunciar o caso às autoridades. Ela falou com a imprensa no escritório de seu advogado de defesa, o criminalista Jacob Filho.
ESPANCAMENTO E MORTE
Ela estava com o jogador na manhã do crime e disse aos investigadores que presenciou o momento em que Daniel foi espancado por quatro homens na casa de uma mulher, onde um grupo de amigos fazia um “after party”.
Ainda segundo o relato da testemunha, os agressores pegaram uma faca, colocaram o jogador “praticamente desfalecido” no porta-malas de um carro e foram embora.
O corpo do atleta, que tinha contrato com o São Paulo até o fim do ano e estava emprestado ao São Bento de Sorocaba (SP), foi encontrado no mesmo dia, parcialmente degolado e com o pênis cortado.
A CARREIRA
Daniel foi formado na base do Cruzeiro e, depois de muitas lesões, tentava retomar a carreira. Seu corpo foi velado nesta quarta (31) em Conselheiro Lafaiete (MG), onde ele passou parte da infância.
Na segunda, os jogadores do São Paulo fizeram uma homenagem ao colega durante um treino da equipe.
O jogador era considerado “acima da média, muito inteligente, tímido e reservado”.
“[Daniel] Era um bom menino, companheiro, reservado. Era acima da média, muito inteligente, até por isso meio tímido. E era um baita jogador, que corria contra as lesões que o incomodaram, o impediram de ter uma sequência”, disse o preparador físico Robson Gomes, que atualmente trabalha na Chapecoense, à reportagem.
Ele trabalhou com Daniel na última temporada no Coritiba. ”Impossível [pensar que ele tivesse inimigos]. Não era baladeiro, era um cara na dele. Quando morava em Curitiba, recebia visitas frequentes dos pais, que são de Juiz de Fora.”
Daniel e Robson Gomes quase foram colegas na Chapecoense, revelou o preparador físico. “Gilson Kleina [técnico da equipe entre outubro de 2017 e agosto passado] tentou trazê-lo para cá no começo do ano.”